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Acidente entre a Avenida Getúlio Vargas e a Rua Silveira Peixoto, no Água Verde, no dia 13 de setembro | Denise Campos/Divulgação
Acidente entre a Avenida Getúlio Vargas e a Rua Silveira Peixoto, no Água Verde, no dia 13 de setembro| Foto: Denise Campos/Divulgação

A esquina entre a Avenida Getúlio Vargas e a Rua Silveira Peixoto, no Água Verde, tem sido vista como uma “bomba-relógio” por moradores e comerciantes do entorno. A revolta dos vizinhos do perigoso cruzamento ficou mais evidente depois de dois capotamentos em apenas uma semana, ambos com características muito semelhantes e que poderiam ter sido evitados se houvesse mais sinalização e atenção de quem dirige. Em um deles, um idoso ficou ferido e o carro, capotado, afetou por um bom tempo o trecho no horário de pico da manhã. Quem passa pelo local diz que a complicação veio após a revitalização da Getúlio Vargas na época da Copa do Mundo.

Veja: vídeo mostra tentativa de atravessar perto do cruzamento

As sugestões dadas por moradores e comerciantes para tentar diminuir o risco de acidentes na esquina não são nada complexas. Remoção de vagas de estacionamento, sinaleiro ou travessia elevada já ajudariam a evitar estes transtornos, quase sempre frutos de um mix de imprudência dos motoristas, com problemas de visibilidade e sinalização mal feita.

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“Passo direto por aqui e você pode ver que não há sinalização nenhuma. Tem que tirar aqueles carros estacionados dali urgentemente. Olha agora, por exemplo, aquela caminhonete tentando atravessar”, explicava o segurança Álvaro Barcellos Ribeiro, 41 anos, morador da vizinhança, em tempo real, enquanto uma motorista tentava, em vão, atravessar a Getúlio. “Tá vendo? Desistiu. É muito perigoso”, acrescentou.

Os acidentes ocorrem todas as semanas, nas estatísticas dos vizinhos. “Todo mês tem uns três ou quatro, de todo o tipo. Já vimos coisa bem feia como capotamento, engavetamento de uns quatro carros e gente ferida”, relatou Vanessa Gasparetto, de 24 anos, há um ano funcionária de uma loja de móveis de uma das esquinas.

Vanessa também culpa os carros estacionados em recuos muito próximos à esquina como os principais culpados pelos acidentes. “O pessoal desce a Getúlio em alta velocidade. Os carros estacionados impedem a visão dos motoristas que querem cruzar e, quando o motorista da Silveira Peixoto tenta cruzar, acontece o acidente”, lamentou a funcionária, que tem vários protocolos abertos via 156 da prefeitura.

Cruzamento entre a Getúlio Vargas e a Silveira Peixoto é sempre um “nó”Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Semelhança

O problema e os riscos aumentaram muito após a revitalização da Getúlio Vargas na época da Copa do Mundo. Segundo o médico Wallace Maia, que trabalha em uma clínica na esquina das ruas, as três vagas existentes no lado esquerdo de quem desce a Getúlio - bem próximo à esquina e que é um empurrão para as colisões - não existiam antes da Copa.

“Depois que mexeram ali, ao invés de deixarem como estava, pintaram as faixas de estacionamento. Aí começaram os acidentes”, explicou.

A mecânica do acidente é quase sempre a mesma. Quando os sinaleiros da Getúlio com a Bento Viana e Angelo Sampaio se fecham, o fluxo de carros na avenida para e os carros que descem a Silveira Peixoto tentam aproveitar o momento para cruzar a via principal. Por vezes, os motoristas não respeitam a caixa amarela no cruzamento e isso por si só já faz um nó no tráfego.

Mas o problema maior acontece quando o sinaleiro abre no cruzamento a seguir. Os motoristas da via perpendicular tentam aproveitar para cruzar ao mesmo tempo que os da Getúlio arrancam. Nesse instante, o risco é enorme.

E é assim todo dia, o dia todo. Nos horários de pico, próximo das 8h30 e também às 18h30, a situação é mais crítica, mas os acidentes acontecem com frequência a qualquer hora. “Se você ficar aqui o dia todo com certeza vai ter um monte de personagem e relatos para comprovar o que estamos falando. Precisamos que algo seja feito urgentemente”, pediu Elisângela Pacheco, supervisora de uma clínica que fica em um dos lados da esquina.

Ela e as demais funcionárias da clínica são os “anjos” dos acidentados, afinal as primeiras ligações pedindo por socorro do Siate, Samu ou Polícia são feitos por elas. “Volta e meia estou na minha sala e ouço um estrondo. Pronto, outra batida. Lá vou eu ligar pedindo por socorro”, contou Elisângela, que já tem uma série de protocolos abertos via 156 pedindo providências.

Segundo ela, agentes da Setran que costumam atender aos acidentes falaram que a instalação de um sinaleiro é inviável. “Eles falam que por existir um sinaleiro na outra quadra, fica impossível colocar um outro. Aí reclamamos da sinalização, mas eles disseram que está bem sinalizado”, reclamou.

Além da segurança dos motoristas, a preocupação paira sobre os pedestres, sejam eles moradores ou clientes da lojas e clínicas da região. “Muitos têm mobilidade reduzida, andam de muletas ou cadeira de rodas e sofrem para atravessar a rua. Eu mesmo fiquei quase cinco minutos para conseguir dia destes”, concluiu Elisângela.

Pedestres também sofrem: atravessar no cruzamento entre a Getúlio Vargas e a Silveira Peixoto exige paciência e, ao mesmo tempo, agilidadeJonathan Campos/Gazeta do Povo

Sinaleiro é viável?

A prefeitura já chegou a afirmar que um sinaleiro na região é inviável porque poderia causar mais acidente. Em resposta a um dos protocolos abertos pelo médico Wallace Maia foi essa uma das justificativas para dispensar a necessidade de um sinaleiro no local.

Na resposta, a prefeitura diz que o sinaleiro em vias de baixo movimento, como seria o caso, estimula os motoristas a furá-lo, aumentando os riscos de acidentes mais graves.

Além disso, nem todo mundo concorda com a instalação de um sinaleiro no local. Para o aposentado Orlei Gonçalves Vila, de 74 anos, é o motorista que precisa ser paciente. “Porque eles não esperam a vez deles? Não podem descer por ali e atravessarem como querem. Aqui é tranquilo, mas a imprudência dos caras é grande demais. Eles não têm paciência”, reclamou.

Ele reconhece que a visualização do cruzamento é ruim, mas os motoristas poderiam a ajudar sendo mais pacientes. Um sinaleiro no local deixaria o trânsito ainda pior. “É bobagem por um sinaleiro aqui. Só vai incomodar ainda mais quem passa aqui. Tudo se resolve com paciência”, concluiu.

Apesar de negar a possibilidade de providências imediatas aos comerciantes ou moradores que reclamaram do cruzamento, a Setran prometeu analisar a situação no local. “A Superintendência de Trânsito de Curitiba irá fazer contagem de tráfego e demais estudos técnicos para verificar a viabilidade de instalação de semáforo. Enquanto isso, a sinalização será reforçada no local”, disse em nota a Secretaria de Trânsito.

Tempo perdido

A reportagem tentou (e filmou) uma tentativa de travessia no cruzamento e o nó que se forma no trânsito com o fechamento do sinaleiro com a Bento Viana. Veja:

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