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Dr. Rached Traya, diretor-presidente da Unimed Curitiba: “pandemia foi o período mais hostil nos 50 anos de história da cooperativa”.
Dr. Rached Traya, diretor-presidente da Unimed Curitiba: “pandemia foi o período mais hostil nos 50 anos de história da cooperativa”.| Foto: Divulgação / Unimed Curitiba

Encabeçando a Chapa Sempre em Frente, única inscrita no processo de eleição da diretoria da Unimed Curitiba, o médico cirurgião Rached Hajar Traya será reconduzido ao cargo de Diretor-Presidente da cooperativa por mais um quadriênio, 2022 a 2025, na próxima quinta-feira (24). Ocupando a posição desde 2018, Traya falou à Gazeta do Povo sobre os impactos que a pandemia de Covid-19 trouxe ao setor dos planos de saúde e projetou o que espera para os próximos anos à frente da Unimed Curitiba.

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O diretor relembrou do início de sua gestão à frente da empresa e o foco constante em modernizar e agilizar os atendimentos, desburocratizar processos e contar cada vez mais com a tecnologia, sem se esquecer do cuidado com os pacientes.

Com a chegada da pandemia em 2020, comentou Traya, todo o trabalho feito até então foi posto à prova de uma forma nunca vista. “Nós passamos por uma situação absolutamente inusitada, para a qual nós tínhamos poucas respostas no início. A pandemia acabou impactando tudo o que tínhamos como projeto, tudo o que deveríamos fazer. O primeiro ano foi de retração no mundo inteiro, todos com muito medo. Isso trouxe um reflexo muito impactante dentro da nossa atividade, assim como para todos os operadores privados de planos de saúde. Houve um recuo bastante significativo das sinistralidades, muito por fuga, por medo. As pessoas não iam a médicos, consultórios, hospitais, por todos os motivos que nós conhecemos”, citou o médico.

Pandemia foi "período mais hostil" da história da Unimed Curitiba

Os bons resultados financeiros daquele ano permitiram à Unimed Curitiba pavimentar o caminho para aquele que viria a ser, nas palavras do diretor-presidente, “o período mais hostil nos 50 anos de história da cooperativa”. A preocupação da empresa, apontou Traya, foi reforçar o suporte e o apoio aos médicos cooperados.

“Essa é a nossa condição, somos uma cooperativa. Isso está no nosso DNA. Foi um momento em que nós tivemos que ser, mais do que qualquer outra coisa, uma cooperativa médica. Nós demos todo o auxílio e aporte financeiro para os nossos cooperados, isentamos o médico do pagamento de sua mensalidade para os planos de saúde que ele tinha, abolimos a coparticipação em 2020 e 2021. Buscamos dar estrutura e suporte para aquele que é o nosso verdadeiro soldado na linha de frente, o médico cooperado dentro dos consultórios, das clínicas ou hospitais”, reforçou.

Mortalidade brutal da variante Delta piorou cenário

Se o primeiro ano da pandemia foi marcado pela baixa procura dos beneficiários – as “sinistralidades” citadas por Traya –, o cenário em 2021 foi bem diferente. Vários dos atendimentos que estavam até então represados pelo temor do contágio pelo coronavírus voltaram a fazer parte da rotina nas unidades de saúde conveniadas à Unimed. Só que esse aumento na procura ocorreu ao mesmo tempo em que a pandemia atingia o período mais crítico.

“A Covid-19 mostrou toda a sua força pela variante Delta e sua mortalidade brutal. Concorrendo com tudo isso, todos aqueles pacientes e suas doenças voltaram a procurar pelos mesmos recursos, financeiros e estruturais, para assistência à saúde. Ao longo do ano passado, tivemos uma situação de bastante dificuldade de conseguir rede, de acomodar os nossos pacientes e até de ter um lastro financeiro para poder suportar. Do ponto de vista da nossa taxa de sinistralidade, ela se elevou a patamares históricos dentro da cooperativa, algo que nunca tivemos. E isso ocorreu exatamente por termos convivido ao longo de 2021 com uma doença para a qual não havia previsão orçamentária, e sob a qual ainda conhecíamos muito pouco”, apontou Traya.

Tempestade perfeita

Para completar o que o diretor-presidente chamou de “tempestade perfeita”, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS) – órgão regulador dos planos de saúde – determinou em 2021 um reajuste negativo nas mensalidades dos planos de pessoas físicas. O entendimento da agência, relatou Traya, se deu por conta da queda no poder aquisitivo das famílias. Mas a medida, avaliou o diretor-presidente, foi tomada no pior momento possível para as operadoras.

“A agência entendeu que em função da retração econômica, do baixo uso em 2020, deveria ser aplicado um reajuste negativo em 2021. Mas isso ocorreu justamente quando todas as operadoras mais precisavam de recursos para poder manter a sua operação em pé, por conta desse aumento na procura. Isso gerou um impacto significativo para nós como um todo, o setor viveu essa dificuldade. Os planos de pessoa física são comercializados pelas nossas unidades desde o início, há 50 anos. Isso gerou um impacto significativo”, ponderou.

Traya espera um 2022 desafiador

O diretor-presidente da Unimed Curitiba elencou à reportagem quais são suas expectativas para o primeiro ano da nova gestão à frente da cooperativa. Para Traya, há três fatores principais a serem observados – e para nenhum deles, comentou, há previsibilidade de como se comportarão em um futuro próximo.

“O primeiro deles ainda é a pandemia. Nosso caminho pode não ser tão incerto quanto o dos dois últimos anos, mas o coronavírus segue bastante presente na nossa realidade. Há ainda os reflexos da pós-covid. É uma quantidade enorme de pessoas com sequelas, e nós ainda não temos uma clara dimensão de qual é o real tamanho do impacto desse grupo na Saúde daqui para frente. A pandemia era uma novidade em 2020, e o pós-covid é uma novidade que agora nos bate à porta quase que diariamente”, citou.

O segundo é o conflito no leste europeu. Para Traya, o impacto econômico da guerra entre Rússia e Ucrânia certamente será sentido no setor. “Passado quase um mês do início, não temos ainda claramente uma definição em relação a esse conflito, e o impacto que a guerra trará para nós. Isso acaba refletindo em todo o nosso negócio porque afeta a economia como um todo. Onde nós vamos chegar? Estamos com uma taxa básica de juros que remonta a muitos anos atrás, em um patamar elevadíssimo. A inflação hoje é um grande fantasma que está morando conosco já há algum tempo. A área da Saúde tem muitos dos seus insumos dolarizados, então o câmbio em patamares altos nos afeta. Os derivados do petróleo são matéria-prima de muitos desses insumos. Então ainda teremos um período de bastante turbulência”, comentou.

Por fim, Traya citou o período eleitoral como algo que “roubará horas e horas de sono de todos os brasileiros”. “Diferente da guerra, que é como um penetra indesejado em uma festa, nós já sabíamos com antecedência que iríamos ter eleições neste ano. Estamos começando a aquecer as turbinas para o que está por vir, mas teremos seguramente seis meses de uma guerra eleitoral, e eu chamo mesmo de guerra, que pode ter uma conotação de mais ou menos selvageria. Isso eventualmente pode trazer repercussões para o nosso mercado, na dependência de quem vai assumir o protagonismo, o comando do país”, avaliou.

Copo meio cheio, diz diretor da Unimed Curitiba

Mesmo com a expectativa de um futuro marcado pelas turbulências, Traya garante que segue mantendo uma visão otimista para o próximo período à frente da Unimed Curitiba. “Nós temos que ter esse pensamento positivo sempre, da superação. Esse período de pandemia foi, para nós, inusitado, e esperamos que ao final seja mesmo assim, único nas nossas vidas. A nossa geração nunca viveu algo semelhante ou parecido. Mas houve também um elenco de ensinamentos. Restou disso tudo um grande aprendizado. Posso dizer, de uma forma muito sincera e humilde, que a pandemia também nos oportunizou sermos uma cooperativa de fato, de verdade, nesse momento mais difícil. Sempre temos que olhar o copo meio cheio, não é mesmo?”, concluiu.

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