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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / Arquivo

Apenas 19,1% dos adolescentes que compõem o público-alvo da vacina contra o HPV foram vacinados em Curitiba até setembro desse ano, considerando os que já tomaram a primeira e a segunda doses da vacina. A meta do Ministério da Saúde (MS) até o fim de 2018 é vacinar 80% do público. O público-alvo é composto por meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A baixa procura por essa vacina preocupa a Secretaria Municipal de Saúde, principalmente porque isso não ocorre somente na capital paranaense, mas em todo o Brasil.

Segundo o médico Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Curitiba, a falta de entendimento sobre o que é a vacina pode indicar o motivo da baixa procura. Ele explica que muitos pais têm dúvidas sobre os efeitos colaterais, eficiência das doses e ainda paira um preconceito que une a atitude de tomar a vacina com uma possível iniciação precoce da vida sexual dos adolescentes. “Esse preconceito existe, mas os pais, educadores e familiares devem ter ciência de que a vacina é uma prevenção contra um tipo câncer que tem origem pelo HPV. Não se trata de habilitar os adolescentes para a vida sexual, trata-se da idade correta para se vacinar e estar prevenido para a vida toda contra uma doença sexualmente transmissível que pode levar ao câncer”, explica.

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Outro problema enfrentado são as fake news, que acabam regredindo o sucesso de uma campanha de vacinação. “As notícias falsas não afetam somente a vacinação contra o HPV, mas outras campanhas também. A orientação é que as pessoas se informem por fontes seguras. Nas unidades de saúde, por exemplo, o próprio momento de aplicação da vacina pode ser aproveitado pelos pais e adolescentes para saberem sobre outras vacinas e sobre a prevenção de outras doenças”, aponta Oliveira.

Conforme explica Alcides Oliveira, as vacinas contra o HPV ficam disponíveis nos postos de saúde o ano inteiro, não apenas em uma campanha específica, como por exemplo a da gripe H1N1, que é sazonal. Como as doses são aplicadas em menores de idade, os pais ou responsáveis devem acompanhar os adolescentes. “Até por isso, a informação sobre a vacina deve ser a mais clara possível. Os meninos e meninas também precisam concordar com a aplicação da vacina. Além da divulgação feita por órgãos públicos, o envolvimento dos educadores e familiares é fundamental para o cumprimento da meta”, ressalta.

De acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde, a média geral em todo o país de vacinas aplicadas contra o HPV é de menos de 50%. Se pegarmos somente os meninos que já receberam a segunda dose o índice cai para 13% em todo o Brasil, cerca de 911 mil meninos. Já a meta de vacinação para as meninas no país chega a 41% na segunda dose. Em 2017, a cobertura vacinal acumulada da vacina HPV, nas meninas entre nove a 14 anos de idade, foi de 82,6% para a primeira dose e de 52,8% para a segunda dose, sendo que algumas meninas completaram esquema vacinal após os 15 anos de idade. Para os meninos de 12 e 13 anos, a cobertura vacinal com a primeira dose foi de 43,8% em 2017.

A baixa procura motivou o ministério a iniciar uma campanha publicitária para impulsionar a vacinação de adolescentes contra o HPV. A campanha começou no dia 4 de setembro e termina nesta sexta-feira (28). A convocação teve como alvo 20,6 milhões de meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, para que eles fossem aos postos de saúde para se imunizar pela primeira vez ou tomar a segunda dose da vacina e completar a proteção contra o HPV. O resultado da ação ainda será avaliado.

A cobertura contra o HPV só é completa com as duas doses. A eficácia gira em torno de 80%. O intervalo entre uma e outra é de seis meses. Segundo Alcides Oliveira, a vacina não aumenta o risco doenças graves, aborto ou interrupção da gravidez. “Não há efeitos colaterais graves conhecidos. A principal reclamação é de dor local”.

Vacina contra o câncer

O vírus HPV, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o principal responsável por 70%, em média, dos casos de câncer cervical entre as mulheres. E é o único câncer que se pode prevenir por vacina. No Brasil, o público-alvo principal do imunizante são meninas entre 9 e 14 anos, e meninos, entre 11 e 14 anos (porém, pessoas de até 49 anos podem ter benefícios com a vacina).

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Por mais que existam cerca de 200 tipos diferentes de HPV, 12 estão associados ao desenvolvimento de tumores e quatro são os mais encontrados no Brasil: os tipos 6, 11, 16 e 18.

A vacina quadrivalente adotada pelo MS protege contra os HPV’s considerados de baixo risco (tipos 6 e 11, que geram verrugas anogenitais) e os considerados de alto risco (16 e 18), que causam o câncer de colo de útero.

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