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| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Uma vigília em prol da população de rua de Curitiba acontece desde o fim da tarde desta terça-feira (26), na Praça Rui Barbosa, no Centro. A manifestação tomou forma após a cidade registrar, ao longo de um mês, quatro mortes de pessoas que dormiam nas ruas. A situação foi o que manifestantes definem como “a gota d’água” dos efeitos de políticas hostis de atendimento da Fundação de Ação Social (FAS). A imprudência da fundação também é questionada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), que chegou a exigiu explicações formais sobre as mortes.

De acordo com a organização da vigília, a ideia do movimento é chamar a atenção ao tratamento da FAS, que não seria humanizado. Estão presentes no ato representantes de pelo menos sete entidades e instituições, como a Arquidiocese de Curitiba, o Projeto Mãos Invisíveis e o Movimento Nacional da População de Rua, além do procurador Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do MP-PR, que recebeu uma carta pública com as demandas do grupo.

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“Muitas vezes as pessoas preferem passar os percalços de dormir na rua do que ir para os centros de assistência. Lá são mau-tratados, separados de seus cachorros e companheiros, entre outras questões”, afirma Vanessa Lima, coordenadora do Projeto Mãos Invisíveis, que atua junto da população de rua da capital.

Veja íntegra da carta com a lista de reivindicações da população de rua

Nesta terça, os integrantes da vigília entregaram uma carta pública ao procurador do MP-PR, com demandas de melhoria da FAS e em todo o sistema. O documento afirma, por exemplo, que as pessoas negam atendimento porque os agentes retirariam “os pertences das pessoas, como cobertores, colchões e inclusive documentos pessoais, diversas queixas de abordagens truculentas, o que produziu uma relação de total desconfiança”.

Além disso, Vanessa conta que os centros de assistência ficam longes do Centro da cidade, e após dar entrada e passar a noite, a pessoa precisa deixar o local às 8h da manhã seguinte: “Ele já não tinha onde dormir, é claro que não vai ter dinheiro para pegar ônibus do Bairro Novo e ir até a região central, por exemplo”. Para a coordenadora, a solução é elaborar uma política municipal que vá além da assistência social, e contemple moradia permanente e meios de superação da condição de rua e desenvolvimento de autonomia.

Lineu Filho/Tribuna do Paraná

O próximo passo do grupo, conforme Vanessa, é chegar a uma reunião com o prefeito Rafael Greca (PMN) - isso, antes de serem tentados meios jurídicos. A vigília deve ficar na Praça Rui Barbosa até esta quarta-feira (27).

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Ao blog Caixa Zero, a FAS afirmou na última sexta-feira (22) que já tem laudos descartando que duas mortes tenham o frio como causa, mas mesmo assim diz ter intensificado o trabalho e as discussões sobre a atuação da fundação. A presidente da fundação, Elenice Malzoni, disse ainda que todo o possível está sendo feito para preservar as vidas da população de rua.

Remoção compulsória

Em uma reunião com o MP-PR e a Defensoria Pública, que aconteceu há cerca de duas semanas e antes da quarta morte do mês, a FAS levantou a questão da remoção compulsória dos moradores de rua. A sugestão foi recusada pelo ministério.

Ainda ao blog Caixa Zero, Elenice Malzoni afirmou que algumas pessoas “não conseguem mais nem ter o discernimento para dizer sim ou não [ao atendimento da FAS]. Gente que vive em rios, em canos, gente que tem dependências sérias, o corpo coberto de feridas. Nossa preocupação é com a preservação da vida das pessoas. Então, sim, queremos discutir isso, mas não vamos fazer nada fora da lei, nada que não seja permitido”, ressaltou.

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