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O movimento de abertura de capital deverá se concentrar nos primeiros quatro meses de 2014, de acordo com bancos, advogados e analistas de mercado ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. A carregada agenda de eventos para este ano, que inclui a Copa do Mundo e as eleições, poderá afastar os investidores da bolsa, sobretudo no terceiro trimestre.

A percepção dos agentes de mercado é de que os primeiros meses do ano devem concentrar um maior número de operações, principalmente por meio de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) que ficaram represados em 2013.

"A tendência é de que as ofertas fiquem para o início do ano. É uma estratégia para fugir da volatilidade. A recomendação é não esperar o terceiro trimestre", disse Bernardo Rothe, gerente executivo da diretoria de mercado de capitais e investimentos do Banco do Brasil.

Votorantim Cimentos e a companhia aérea Azul são algumas das empresas que suspenderam emissões em 2013, mas poderão retomá-las neste ano. Segundo fontes do mercado que preferem não ser identificadas, as duas empresas ainda avaliam se é oportuno lançar ações na atual conjuntura e não bateram o martelo.

As apostas do mercado são de que pelo menos outras duas empresas também poderão acessar a bolsa em 2014 - a locadora de carros Unidas e a companhia de tecnologia Quality Software.

Para Jean Marcel Arakawa, especialista em mercado de capitais do escritório Mattos Filho, o cenário para este ano é de cautela. Segundo ele, 2014 será um ano atípico porque o mercado já trabalha com uma expectativa de desaceleração da atividade econômica. "A percepção do investidor é de fim de lua de mel com o Brasil", diz Arakawa.

O advogado confirma que há uma fila de IPOs engatilhados. "Há empresas aptas a abrir capital, que têm gestão, histórico e bom desempenho."

Na avaliação do mercado, a alternativa para companhias sólidas, que queiram captar no mercado acionário, é utilizar a janela do início do ano para driblar a volatilidade e conseguir preços melhores por seus papéis.

O advogado José Luis Leite Doles, do escritório Barcellos Tucunduva, engrossa o coro. Ele acredita na concentração dos IPOs na primeira metade do ano e prevê um segundo semestre inóspito para acesso ao mercado de capitais.

Para aproveitar a primeira janela do primeiro trimestre, as empresas deverão utilizar os dados do terceiro trimestre de 2013. Para aquelas que tentarem acessar o mercado em abril, os dados referentes ao acumulado do ano já poderão ser utilizados no prospecto elaborado para a emissão.

O presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira, destaca que há uma fila de ofertas (iniciais e subsequentes), que pode manter o volume financeiro movimentado em 2013, que chegou a R$ 23,25 bilhões.

"As operações previstas justificariam manter ou até expandir esse volume, mas não sabemos se elas realmente irão acontecer", disse Olympio. Embora considere que Copa e eleições no Brasil em 2014 possam interferir no apetite do mercado, o presidente do Credit Suisse não descarta que uma janela de oportunidade possa se abrir no terceiro trimestre.

Segundo Olympio, em 2006, ano eleitoral, no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito, o mercado se mostrou aquecido para ofertas, ao contrário, por exemplo, de 2002, quando Lula disputou a eleição com José Serra (PSDB). "Há muitas variáveis que precisam ser consideradas", diz ele.

O clima para emissões em 2014 pode ser considerado morno por causa da conjuntura de crescimento menor, avalia o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto. "A expectativa é moderada quanto ao volume de IPOs. Mas se 2014 repetir o desempenho de 2013, estamos satisfeitos", diz.

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