• Carregando...

O 13.º salário ainda não caiu na conta, mas a gerente de Recursos Humanos Margareth Setti e a publicitária Amanda Almeida Morais já sabem exatamente o que vão fazer quando ele chegar. Para Amanda, o salário extra tem gosto de alívio. O licenciamento e as multas atrasadas do carro vão finalmente ser pagos. "Vou pagar as dívidas que tenho e comprar poucas coisas para o Natal porque quero começar o ano no azul. E se sobrar dinheiro, vou guardar." Margareth também não pretende abusar dos presentes de fim de ano porque o dinheiro tem destino certo: uma parte vai ser aplicada e outra vai ficar guardada, para pagar as despesas extras que chegam com o novo ano.

Em situações bem distintas, Amanda e Margareth vão fazer exatamente o que sugerem os especialistas em finanças pessoais. O fim do ano pode ser um bom momento para pensar no orçamento doméstico, resolver os problemas ou, pelo menos, engordar a poupança. A decisão de como utilizar o salário extra depende muito da situação financeira de cada um, mas tem uma regra geral: equilíbrio. Por isso, antes de bancar o papai noel e sair às compras, vale a pena fazer uma avaliação da sua situação pessoal para escolher o melhor destino do dinheiro extra.

Para os endividados, a maioria dos consultores de finanças diz que o salário extra não pode ter outro destino que não o acerto de contas. "Seria irracional não fazer isso. E se esse dinheiro não for suficiente para quitá-las, é hora de programar o pagamento e trocar dívidas com altas taxas de juros por outras mais baratas", orienta o professor de economia do Centro Universitário Positivo (Unicenp), José Guilherme Silva Vieira.

"Não dá pra pensar em guardar dinheiro ou gastar e continuar pagando juros por causa das dívidas", concorda o professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP), Rafael Pascoarelli. "O melhor é aproveitar a oportunidade e renegociá-las."

Os principais vilões, diz o professor Silva Vieira, são os juros do cartão de crédito e do cheque especial – em média, 11% e 7% ao mês, respectivamente. "A queda da Selic derrubou um pouco as taxas do cheque especial, mas ainda assim elas são bastante altas. Em uma operação muito simples essa dívida cara pode ser trocada por outra mais barata, como os empréstimos consignados, por exemplo, que tem taxas de 2% ao mês, em média."

O consultor Reinaldo Domingos, no entanto, acredita que usar o 13.º para pagamento de dívidas é resolver o problema sem combater a causa, sem um trabalho preventivo. "O certo é partir para uma nova postura." O primeiro passo, segundo Domingos, é fazer um levantamento de todas as dívidas e planejar o pagamento, mesmo que ele seja feito ao longo de 2008.

Para quem entrou no cheque especial, a orientação é semelhante a do professor Vieira: troque a dívida por uma menos cara. "Vá ao banco e peça para encerrar o cheque especial e parcele o valor devido, tendo em vista o que você poderá pagar ao longo dos meses. Assim, quando o 13.º chegar, ele não será todo consumido quando cair na conta", diz. Você não pagou a dívida, mas a saneou e voltou a controlar a sua vida, o que é muito importante."

O salário extra até pode ser utilizado para pagar dívidas, desde que não integralmente. Domingos diz que é fundamental reservar uma parte dele para investir. "Esse é o primeiro passo para você sair da condição de devedor para a de poupador e passar a ter o hábito de poupar para a vida."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]