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Crédito

Poucos citam empréstimos como função

A pesquisa do Ipea mostra que a maioria das pessoas não relaciona os bancos à função de empréstimo de dinheiro. A maior parte dos entrevistados (62,1%) respondeu que a principal função de um banco é movimentar ou guardar dinheiro, enquanto 29,5% afirmaram que é oferecer produtos e serviços; apenas 4,5% disseram que é emprestar dinheiro.

Entre as regiões, o Nordeste é onde a parcela dos que responderam que a principal função de um banco é conceder crédito foi maior (6,5%), seguida pelo Norte (6,1%). No Centro-Oeste, Sudeste e Sul, as respostas foram, respectivamente, 3,1%, 3,4% e 3,4%.

Os homens, de acordo com a pesquisa, dão importância maior aos financiamentos que as mulheres. No levantamento, 5,4% deles responderam que os empréstimos são a principal função de um banco, contra 3,6% das mulheres. Com relação à renda, entre os que ganham acima de 20 salários mínimos, 7,1% responderam que o empréstimo é a principal função do banco, seguido pelos que ganham até dois salários mínimos (5%).

Mesmo com o crescimento da bancarização no país, cerca de 40% da população brasileira ainda não tem conta em banco. É o que aponta estudo divulgado ontem pelo Insti­tuto de Pesquisa Econô­mica Aplicada (Ipea). Entre as regiões, o Nordeste aparece com o maior índice de exclusão – mais de metade (52,6%) dos habitantes não têm conta. Na Região Norte, o índice também é alto e chega a 50%. Nas regiões mais desenvolvidas economicamente, mais de 60% de sua população foi incluída no sistema bancário – no Sudeste, o porcentual é de 65,9%.

Mesmo assim, a maior parte dos que apontaram não possuir conta no país não mostrou vontade de ser incluída no sistema bancário: apenas 40,3% afirmaram que gostariam de ser correntistas, mas o porcentual de pessoas que acredita ter o perfil necessário e procurado pelos bancos é ainda menor, de 26,6%.

O Ipea chama a atenção para a parcela de excluídos do sistema, afirmando que este é um "estrato da população de baixa renda e de pouca escolaridade, mas que representa uma importante parcela e que vem sendo absorvida pelo mercado de trabalho, estimulada pelo crescimento econômico". Apesar disso, afirma o instituto, é necessário criar produtos e serviços específicos para esta população, "de modo a incorporá-la ao sistema bancário e socializar o acesso a esse serviço público".

Motivos

A íntegra do estudo do Ipea não elenca os motivos de quem não usa bancos. A estudante Isabella da Rosa, 18 anos, conta que ainda não precisa de conta bancária. "Quando quero comprar alguma coisa, guardo dinheiro comigo. Tenho um local específico onde coloco minhas economias. Mas muitas vezes gasto tudo e não sobra para guardar", afirma. Já o ambulante Adilson Assunção, 29 anos, critica a burocracia necessária para se abrir conta. "Precisa de muitos documentos. Eu guardo meu dinheiro dentro do guarda-roupa mesmo", afirma.

Também ambulante, Rosinéia Rodrigues, 42 anos, não demonstra muita confiança no sistema bancário. "Sou sócia do meu marido e ele não gosta de colocar dinheiro em banco. Prefiro guardar em um lugar secreto no meu quarto", diz. Assim como Assunção, ela prefere fazer suas compras à vista. "Quando quero comprar algo, economizo. Gosto de comprar tudo à vista porque ganho mais desconto. Aí, sim, guardo meu dinheiro por meses em casa", afirma.

Preferência

A maioria dos correntistas não escolheu o banco em que possui conta. A pesquisa mostra que 35,3% dos brasileiros que usam bancos abriram conta na instituição indicada pela empresa onde trabalham. Em seguida, 17,5% dos entrevistados disseram que a família sempre trabalhou com o banco em que possui conta; 17,2% disseram confiar no banco; 14,4% afirmaram que o banco fica próximo de casa ou do local de trabalho; 12,1% apresentaram outros motivos; 2,5% responderam que o banco era a única opção da região; e 1% não soube ou não quis responder.

Excluindo os que abriram conta no banco indicado pela empresa, a motivação para a escolha tem características regionais bem definidas. A tradição no relacionamento com o banco (pessoal ou familiar) tem muita relevância na Região Sul, enquanto a confiança no banco foi apontada como fator decisivo para a escolha nas regiões menos desenvolvidas economicamente (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Além disso, a localização do banco tem peso destacado como fator decisivo de escolha na Região Sudeste e a falta de alternativas, na Região Norte. O Ipea entrevistou 2.770 pessoas nas cinco regiões brasileiras. Não foi informado o período da pesquisa.

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