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5G China
Logo da tecnologia 5G em Hangzhou, na China| Foto: AFP

As operadoras chinesas de telefonia celular começarão a oferecer serviços comercialmente na tecnologia 5G, super-rápida e de última geração, nesta sexta. A entrada em operação deve desencadear uma revolução tecnológica, aponta o Partido Comunista, que está no governo.

Com esse marco e objetivos ambiciosos, as autoridades chinesas estão enviando um recado aos Estados Unidos: não permitirão que o desenvolvimento industrial do país - especialmente o do titã tecnológico Huawei - seja frustrado.

"Eles fizeram disto uma prioridade nacional. Faz parte da capacidade do Partido [Comunista] de mostrar que está entregando o que promete", disse Paul Triolo, diretor de geotecnologia da consultoria Eurasia Group.

"E no meio da disputa comercial e das ações contra a Huawei, é ainda mais importante que a China mostre que continua a avançar apesar de todos esses desafios".

As três operadoras sem fio estatais da China - China Mobile, China Unicom e China Telecom - divulgaram nesta quinta-feira pacotes de assinatura 5G disponíveis a partir de sexta-feira.

Eles cobrarão pela velocidade. Para aproveitar a velocidade máxima de 1 Gbps, os clientes da Unicom pagam cerca de US$ 45 por mês.

Para descrever a diferença de velocidade, os analistas apontam que o 4G é como um skate, enquanto o 5G é um foguete, apresentando uma enorme vantagem para aplicativos como videogame e serviços de streaming. Mais de 10 milhões de assinantes responderam a acordos com preços reduzidos e fizeram um pré-registro para o serviço, de acordo com a mídia estatal.

"Essa tecnologia 5G faz parte de uma revolução geral de grande alcance e trará novas mudanças para a sociedade econômica", disse o presidente da China Telecom, Ke Ruiwen, no lançamento de quinta-feira.

Embora alguns países, como Coréia do Sul, Austrália e partes dos Estados Unidos, tenham iniciado testes-piloto com o 5G, o governo chinês iniciou um esforço planejado centralmente para implementar a tecnologia em uma base comercial e dar-lhe uma liderança inatacável na corrida global para instalar redes sem fio 5G.

"A venda da tecnologia 5G é uma grande medida do objetivo estratégico do [presidente] Xi Jinping de transformar a China em uma potência cibernética, além de um marco importante no desenvolvimento da indústria de comunicação e informação na China", disse Wang Xiaochu, presidente da China Unicom.

Xi descreve que o mundo está à beira de uma quarta revolução industrial, caracterizada por avanços em tecnologia da informação e inteligência artificial, apontam analistas da consultoria Trivium, em nota nesta semana. "Xi quer garantir que a China esteja na vanguarda desta nova revolução - colocar o 5G em funcionamento é uma maneira de ter mais vantagem nesta corrida", disseram eles.

Já existem cerca de 13 mil estações-base que habilitam a rede 5G instalada em Pequim, informou a administração de comunicações da capital nesta semana, e 10 mil já estão em operação.

O governo central pretende que a cobertura 5G seja estendida para cobrir toa Pequim, Xangai, Hangzhou e Guangzhou até o final do ano. A China Mobile, maior operadora com 900 milhões de assinantes de celular, diz que poderá oferecer serviços 5G em mais de 50 cidades este ano.

A previsão é de que a China invista entre US$ 130 bilhões e US$ 217 bilhões em 5G entre 2020 e 2025, segundo um estudo da Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicações.

As empresas de tecnologia chinesas estão promovendo as aplicações industriais do 5G, desde o gerenciamento da produção de cimento e monitoramento de tufões até as cirurgias realizadas por robôs.

"Dois robôs implantaram, com precisão, 12 pinos-guia nas espinhas dos pacientes", relatou o Beijing Daily após um cirurgião manipular robôs realizando operações nas províncias de Shandong e Zhejiang. "A transmissão do sinal ocorreu sem problemas durante a cirurgia, sem latência, apesar da distância de mais de 1,6 mil quilômetros."

O 5G também pode permitir algumas das aplicações mais repressivas da tecnologia da China, como o reconhecimento facial. Os viajantes poderão fazer o check-in mais rápido com os sistemas de reconhecimento facial no gigantesco aeroporto de Pequim, disse um representante da China Unicom em uma exposição 5G na capital.

Desafios da 5G

Mas há desafios pela frente.

Por um lado, relativamente poucas pessoas têm telefones habilitados para 5G. A Huawei já lançou telefones que suportam 5G, assim como a Oppo e a fabricante sul-coreana Samsung. A Apple, que representa apenas 6% do mercado chinês, não deve lançar um iPhone com capacidade para 5G até o próximo ano.

Além disso, há dúvidas sobre se a Huawei, principal fabricante de estações base, pode manter seu ritmo de produção agora que está na lista negra americana. Em maio, o governo Trump adicionou a Huawei e 70 de suas afiliadas à sua lista de entidades, citando preocupações de segurança nacional, impedindo-as de comprar peças e componentes americanos.

"Vai ser realmente difícil para a Huawei superar os problemas da cadeia de suprimentos", disse Triolo, do Eurasia Group. "Basicamente, os Estados Unidos modificaram sua cadeia de suprimentos e existem grandes pontos de interrogação sobre a capacidade da Huawei de tapar os buracos".

A tecnologia está no centro de uma amarga disputa entre a China e os Estados Unidos, com Washington expressando preocupação de que o hardware 5G fabricado por fabricantes chineses possa conter "portas ocultas que possam permitir a espionagem.

"Existem razões crescentes para acreditar que as empresas chinesas Huawei e ZTE representam um risco inaceitável para a segurança nacional dos EUA", disse Ajit Pai, presidente da Comissão Federal de Comunicações, em discurso nesta semana.

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