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Como costuma ocorrer após as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o bom senso voltou a ser maltratado nesta semana. Defensores e críticos da surpreendente redução da taxa básica de juros inundaram o noticiário com avaliações tão disparatadas quanto parece ter sido a própria decisão do Copom. Nesse aspecto, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, se destacou.

Em junho, após a quarta alta seguida da Selic, o senador paranaense havia escrito o seguinte em seu blog: "A elevação progressiva da taxa de juros como medida de combate à inflação tem se mostrado um repetido equívoco (...) Não é preciso ser economista para constatar que a manutenção da taxa de juros em patamares estratosféricos causa estragos consideráveis ao país".

Pois bem, na última quinta-feira ele criticou a decisão do Copom. E, para justificar uma mudança de opinião tão violenta quanto a guinada de 180 graus dos juros, afirmou que "já houve momentos bem mais oportunos para a redução dos juros e o governo não aproveitou". Sim, já houve – mas não na época em que ele criticou a alta da Selic. Àquela altura, o cenário econômico doméstico e internacional apontavam para riscos inflacionários maiores que os atuais.

Ainda na quinta-feira, o senador disse o seguinte: "Está óbvio que a diretoria do BC foi montada para ser suscetível a esse tipo de pressão, são todos funcionários de carreira, subalternos concursados do governo". Por mais equivocada que possa ter sido a decisão do Copom (é algo de que só teremos certeza com o tempo), é preciso lembrar ao senador que: 1) todos os sete diretores do Banco Central, membros votantes do comitê, foram aprovados pelo Senado, quase sempre com mais de 80% dos votos (a maior "rejeição", de 26%, foi ao nome de Aldo Luiz Mendes, egresso do Banco do Brasil); 2) todos os cinco funcionários de carreira do BC que hoje compõem sua diretoria entraram na instituição na década de 1990, antes mesmo do governo Lula, alguns exercendo funções relevantes já na gestão de FHC; e 3) todo o corpo de diretores tem perfil técnico, como é costume no BC há muito tempo.

Independentemente do acerto ou do erro do Copom, é estranho que Alvaro Dias desqualifique diretores do BC pelo fato de serem funcionários de carreira – ainda mais no momento que o país atravessa. Que autoridade terá o senador para criticar o loteamento de ministérios e órgãos públicos, entupidos de políticos incompetentes e sem qualquer afinidade com a área para a qual foram nomeados?

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