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Estudo apontou diversos fatores que permitem ao consumidor encontrar preços mais baixos |
Estudo apontou diversos fatores que permitem ao consumidor encontrar preços mais baixos| Foto:

Duplo transtorno

Voo que atrasa muito é mais caro

A parte mais surpreendente da pesquisa do Nectar é aquela que se refere a dois aspectos que o consumidor considera negativos: atrasos e paradas. Em ambos os casos os preços são maiores. A razão está nos custos que as companhias aéreas têm de suportar. "Um avião em solo custa muito dinheiro. Para a empresa, uma operação boa é aquela que é rápida", observa o pesquisador Humberto Bettini. Elas têm optado por repassar os custos ao passageiro – o mesmo vale para o câmbio, que impacta custos como leasing de aviões e tem sua variação aplicada ao preço dos bilhetes. Voos com histórico de atraso custam, em média, 11,9% mais. Na alta estação, essa elevação pode ultrapassar 80%.

Esse aspecto da política de pre­­­ços das empresas aéreas pode afetar especialmente Curitiba. Como bem sabem os passageiros locais, o Aeroporto Afonso Pena sofre com atrasos frequentes nos voos matinais, principalmente durante o inverno. Na opinião do pesquisador Humberto Bettini, isso tende, sim, a se refletir em preços mais altos. "O aeroporto de Curitiba não está incluído no levantamento. Mas, se as outras variáveis se mantiverem estáveis, esses voos devem ser mesmo mais caros", diz.

Para o agente de viagens Ítalo Fantinato, que atua no setor há 26 anos, o sobrepreço nos voos demorados é uma amostra da irracionalidade das companhias aéreas. "Eles fazem seu preço conforme o custo, sem levar em conta a disposição do consumidor", ataca.

Bettini, do Nectar, observa que nem sempre um voo lotado é um voo lucrativo. "Se cobrar mais, a empresa pode operar com lucro com metade da lotação da aeronave. Com isso ela ganha tempo na limpeza do avião, no trabalho dos comissários e passa menos tempo em solo. Isso contribui para diminuir o atraso e reduzir os custos."

Antecedência

Compre 45 dias antes e ganhe o maior desconto

Comprar bilhetes com antecedência é uma boa maneira de obter descontos. O menor preço é obtido comprando 45 dias antes da viagem. A ideia de comprar antes, entretanto, não agrada a todos. "Não gosto disso, não", confessa Ítalo Fantinato, da IAF Turismo e professor do curso de Turismo do Centro Europeu. "Já tenho vendido passagens para julho e agosto de 2012. Mas sou prestador de serviços e trabalho com operadoras. Será que todas essas operadoras terão segurança financeira para honrar esse compromisso?", pergunta.

Outro risco para as compras com antecedência está na possibilidade de o passageiro mudar de ideia. Nesse caso, as companhias cobram tarifas de remarcação. Essas tarifas podem ser muito altas, mas, segundo o estudo do Nectar, são necessárias. "Elas permitem preços mais baixos, em última instância", diz o estudo.

  • Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais: as tarifas tendem a ser mais altas no terminal, que sofre com atrasos frequentes nos voos matinais, principalmente durante o inverno. Voos que atrasam custam mais às companhias

Compre a passagem em março, viaje em agosto, prefira voos diretos e, mesmo que o passeio seja dentro do Brasil, tente adquirir o bilhete quando o dólar estiver em baixa. Essas são algumas dicas que o viajante pode tirar do "Estudo de preços das passagens aéreas em aeroportos paulistanos", o maior levantamento sobre o assunto no país, feito pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA). Divulgado há pouco mais de uma semana, o estudo revela algumas peculiaridades desse mercado, que cresceu 18,5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2010.

O levantamento foi feito entre 2008 e 2010, a partir de 2 milhões de tarifas "garimpadas" pelo Núcleo de Economia dos Transportes (Nectar) na internet por meio de sites que consolidam buscas de diversas companhias, entre eles Decolar, Submarino Viagens e Buscapé Viagens. Embora os dados se concentrem em voos com partida nos dois aeroportos da cidade de São Paulo, a maior parte dos dados deve ser válida para outras praças. "O perfil do passageiro vai ser, basicamente, o mesmo", explica Humberto Bettini, pesquisador do Nectar.

Os resultados confirmam algumas tendências que já eram conhecidas dos viajantes e acrescentam insights que podem ser surpreendentes. Todos sabem, por exemplo, que é mais caro viajar em feriados – a demanda por voos nessas datas é maior do quem em dias "normais". Mas pouca gente imaginava que viajar no feriado de Corpus Christi (data móvel que sempre cai numa quinta-feira, no fim de maio ou início de junho) pode ser tão caro quanto no Natal. Nos dois casos, os acréscimos em relação ao preço normal passam de 20%. Outras datas concorridas são Tiradentes (21 de abril) e o Ano Novo, além do feriado paulista de 9 de julho. Na média, voar em véspera de feriado custa 12% a mais.

Quem não viaja no feriado pode ficar em casa, comprando passagens pela internet. Comprar durante feriados custa, em média, 3,7% menos – em feriados prolongados, cada dia adicional representa uma queda de 0,7% no preço. Segundo Bettini, a diferença está no tipo de consumidor que compra nessas datas. "Se o sistema da companhia aérea recebe um pedido de cotação na sexta-feira à tarde, por exemplo, ela presume que há uma grande chance de este ser um cliente corporativo, querendo comprar um bilhete para um funcionário. Mas, se o pedido vem num feriadão, quase com certeza trata-se de uma pessoa física", diz. "E a pessoa física é bem mais sensível a preço do que uma empresa, por isso o preço é menor."

Esconde-esconde

O pesquisador explica que os sistemas eletrônicos das empresas são muito dinâmicos, alterando a disponibilidade de tarifas ao longo do dia. O objetivo é obter uma configuração que seja mais lucrativa. Isso explica por que um passageiro pode não encontrar assentos promocionais num momento e achá-los dias depois. "Isso quer dizer que houve uma desistência em massa? Não, apenas significa que a companhia está ‘brincando’ com os preços a fim de encontrar o passageiro certo para os seus interesses", diz Bettini.

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