• Carregando...
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

A consultoria IDC estima que até 2010 mais de 250 milhões de internautas estarão no bloco de países emergentes conhecido como Bric – Brasil, Rússia, Índia e China. E, enquanto o número de usuários europeus e norte-americanos tende a se estabilizar, a projeção para o Bric é só uma amostra do potencial de crescimento da internet em outros cantos do globo. A questão, entre tantas que se colocam sobre o futuro da rede, é saber se isso resultará em implicações práticas na comunicação e na informação online.

O vice-presidente de tecnologia e novos negócios da LocaWeb, uma das maiores empresas de serviços web no Brasil, Gilberto Mautner, diz que o Brasil ainda engatinha e precisa correr atrás de uma inclusão digital de alto nível. "Há um crescimento acelerado de usuários em geral, mas a quantidade de pessoas que usam a internet como ferramenta de negócio ainda é muito tímida", diz. "Se você entrar no Registro.br, encontrará aproximadamente um milhão de domínios ‘.com. br’ inscritos. Acho que isso é nada num país de 180 milhões de habitantes. É uma proporção de 1 para 180. Na Bélgica, a proporção é 1 para 3."

Segundo ele, o mercado web cresceu 20% no último ano, mas está, de fato em seus primórdios por aqui. Veja-se a banda larga, com apenas 6 milhões de usuários. Ao menos, em relação ao estouro da bolha, sete anos atrás, houve um amadurecimento do mercado mundial, com um crescimento realmente sustentado, embora mais lento. "A própria Nasdaq, depois da loucura da bolha no fim dos anos 90, está agora quase atingindo o ponto de negócios daquela época", conta Mautner.

A nova realidade demográfica da web, com várias nacionalidades aumentando sua participação no ambiente virtual, é relevante, mas existe outra revolução, que acontece sob um guarda-chuva que os especialistas batizaram de Web 2.0. O conceito pode ser resumido da seguinte maneira: os serviços – e não apenas as informações, como ocorreu até hoje – da grande rede estarão disponíveis onde o usuário estiver. "A internet virou ferramenta de negócios, e o crescimento das operações e empresas online só tende a crescer."

Algumas tecnologias vão ajudar a internet nessa caminhada. Uma delas é a voz sobre IP. Hoje, diz o executivo, pagar voz por minuto não faz mais sentido. No longo prazo, a telefonia deverá ser engolida pela internet.

Uma prova de que o VoIP é o caminho para aplicações e convergência está na chegada da empresa canadense Mitel no Brasil. Não que a tecnologia já não esteja no maior "hype" no mundo corporativo, mas a diferença da solução Mitel é que ela foca nas pequenas e médias empresas, e suas soluções brigam direto com as grandes operadoras porque economizam na infra-estrutura apostando num software único de streaming de voz. "Nossa filosofia é levar o computador para dentro do telefone", diz Gilles Rousso, vice-presidente da empresa para América Latina e Caribe. Mas também se pode inverter essa idéia: eles querem botar todos os serviços IP via telefone dentro do PC.

O software Your Assistant, parte da solução, é uma potência: dentro do seu perfil – por enquanto, no trabalho – o usuário pode ver, na tela de seu computador, as chamadas telefônicas não atendidas nos momentos em que saiu, atender a telefonemas, fazer chat, fazer áudio e videoconferências, mandar e-mails, mensagens instantâneas e compartilhar documentos de escritório em formatos consagrados, como Word ou PowerPoint. Algo parecido – um pouco mais limitado no compartilhamento de dados – é feito pelo programa desenvolvido pela curitibana Softfone, que embarcou o software numa central telefônica capaz de se integrar ao Skype.

Depois do avanço avassalador da voz, veremos a era do vídeo, que já começou com o YouTube. "Assim como a internet está engolindo a telefonia, com a televisão acontecerá a mesma coisa", vaticina Mautner. "Hoje as pessoas falam de IPTV, mas dentro do novo modelo IP está sendo aplicado o modelo antigo de televisão." Isso não é, com certeza, a cara da internet. O modelo de vídeo deverá se adaptar ao da rede. Para Mautner, assim como hoje se paga uma taxa mensal para ter um serviço web de hospedagem de sites, da mesma forma se pagará, no futuro, para se ter uma TV pessoal na internet. "A televisão digital é o último suspiro da tevê convencional. Vai durar alguns anos, justamente o tempo que a banda larga precisará para engoli-la", profetiza o fundador da LocaWeb.

A mobilidade, representada por smartphones e PDAs, também está convergindo para o protocolo da internet. Um dos problemas nesta seara é a interface dos gadgets. Qualquer um que tenha cansado os dedos num tecladinho para mandar um SMS mais longo sabe do que estamos falando. É por isso que a Palm, cuja marca é hoje sinônimo de PDA, lançou o Foleo, um mininotebook que facilita a edição de documentos.

Por fim, o propalado conceito de Saas ("software as a service", ou software como um serviço) tem de ser levado em consideração. É o mundo "ao vivo e online" – Google Docs & Spreadsheets, Windows Live são os Saas mais conhecidos – em oposição ao software de pacote. Junte-se tudo isso com padrões abertos, sites wiki, programação em novas linguagens, como o Ajax, e mashups – aplicações que combinam elementos de várias fontes, a exemplo de serviços de RSS e Google Maps – e teremos uma idéia das mudanças que estão por vir. Resume o diretor sênior de engenharia da Adobe, Sho Kuwamoto: "Toda essa avalanche de novidades é formada por diferentes facetas de um único fenômeno. A informação e sua apresentação estão sendo separadas e reordenadas de maneira que cada internauta poderá combiná-las e reutilizá-las infinitas vezes". A web nunca mais será a mesma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]