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O Brasil registra forte fluxo de capitais que força o governo a tomar medidas para tentar coibir a valorização contínua do câmbio, mas, ao mesmo tempo, é preciso cuidado para não desvalorizar o real ante o dólar e agravar o crescimento da inflação, avaliou o professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Gonzaga Belluzzo.

"O governo está certo em agir, como vem fazendo, para evitar que o ingresso contínuo de dólares não fortaleça em excesso o câmbio pois, se nada fosse feito nos últimos meses, certamente a cotação estaria em R$ 1,20, o que levaria a indústria nacional à destruição", disse.

Belluzzo destacou que a tarefa do governo é difícil, pois a arbitragem de juros é um fenômeno que ocorre no mercado financeiro mundial devido a dois fatores: a excessiva liquidez estimulada por bancos centrais de países desenvolvidos e o atual patamar da taxa básica de juros brasileira. Segundo ele, o Chile fez um movimento de alta que elevou o juros para 4% ao ano. "No Brasil a taxa está em 11,75% ao ano. Na atual conjuntura de inflação em alta, não é errado aumentar o juros, porém o nosso patamar da Selic é que está fora do lugar", destacou.

Na avaliação de Belluzzo, se o fluxo de capital continuar muito forte, como ocorreu no primeiro trimestre quando o saldo financeiro foi de US$ 36 bilhões, o governo deveria pensar em tomar medidas mais rigorosas, especialmente no mercado futuro de câmbio. "O mundo financeiro atual gerou uma distorção sobre a economia real. Antes, o mercado spot do dólar ajudava a balizar a cotação futura do ativo. Hoje é o contrário: a força do volume de recursos transacionados no mercado futuro é muito mais forte do que os negociados no mercado à vista e, assim, consegue influenciar muito a cotação do spot", disse.

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