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Sede da Petrobras, no Rio: ações podem ter novas quedas, segundo analistas | Divulgação
Sede da Petrobras, no Rio: ações podem ter novas quedas, segundo analistas| Foto: Divulgação

Mercado

Queda de terça nos EUA ajuda a puxar Bovespa para baixo

A desvalorização da Petrobras foi um dos fatores que levaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a não sair do campo negativo durante toda a rodada de negócios de ontem. Na contramão dos mercados externos, o investidor refletiu a queda de terça nas bolsas americanas, quando preocupações com o setor bancário europeu desestimularam as compras.

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa paulista, desvalorizou 0,51% no fechamento, aos 66.407 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,7 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, subiu 0,45% no encerramento das operações.

Descompasso

Analistas destacaram a tradicional "correção" de preços que os investidores da bolsa brasileira operam quando o mercado fica descompassado em relação à praça externa. "Ontem [terça-feira] o mercado brasileiro não operou e, lá fora, as bolsas caíram. Acho que por esse motivo a Bovespa foi na contramão dos mercados [externos] e desvalorizou, muita concentrada nos papéis da Petrobras", comentou Fábio Prandini, da mesa de operações da Elite Corretora.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,725, em baixa de 0,11%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,733 e R$ 1,721.

As ações da Petrobras desabaram ontem mais de 4% com a pressão do mercado para formar um preço baixo na oferta de ações. A lógica é a seguinte: quanto menor for o preço das ações da Petrobras até o dia 23, quando será definido o valor dos novos papéis na capitalização da empresa, menos os investidores desembolsarão na oferta da estatal. Normalmente, o mercado pede um "desconto" para comprar as novas ações; do contrário, pode adquiri-las na bolsa, a valor de mercado. Ontem, as ações ON (direito a voto) recuaram 4,44% e as PN (sem direito), 4,33%. O mesmo movimento aconteceu também na capitalização do Banco do Brasil, em junho, quando as ações caíram até 10% e voltaram a subir após a oferta de ações. Essa estratégia, no entanto, tem um efeito colateral: se venderem muitas ações da Petrobras agora, esses investidores ficam com direito a comprar, proporcionalmente, menos papéis – cada ação dá direito a 0,34 papel novo.

Datas de corte

Ontem foi o primeiro dia de negócios após a "primeira data de corte", que conferia ao investidor o direito a participar da oferta com prioridade de alocação (sem rateio). Na verdade, essa data é amanhã, mas quem não tivesse a ação e ainda quisesse comprá-la só tinha até o dia 6 porque a compensação demora três dias.

A próxima "data de corte" será dia 17; nesse dia se definirá a quantas ações cada um terá direito. Os investidores têm até o dia 14 para aumentar ou diminuir sua parte. Alguns fundos de investimento teriam vendido ações da estatal ontem para comprá-las no dia 14 com preço menor, segundo operadores.

Desvalorização

Após o dia 14, analistas esperam uma "sangria" ainda maior no preço das ações da Petrobras. Isso porque os investidores já terão sua proporção definida na oferta, mas estarão livres para vender os papéis e conseguir um preço ainda menor na oferta.

Para Ricardo Almeida, professor de Finanças do Insper (antigo Ibmec-SP), os interesses do mercado em torno da oferta da Petrobras tornam a aplicação muito arriscada para o investidor pessoa física que pretenda fazer lucro rápido com as ações. Segundo Almeida, como a oferta é gigante, os grandes investidores conseguirão levar todos os papéis que reservarem e não haverá demanda adicional para comprar as ações na bolsa. "O investidor tem de tomar cuidado na reserva de papéis da Petrobras. Ele pode levar mais do que quer comprar e depois terá dificuldade para se desfazer sem perder dinheiro", disse.

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