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Linha de montagem da Positivo, na Cidade Industrial de Curitiba: empresa ficou barata para as multinacionais | Divulgação
Linha de montagem da Positivo, na Cidade Industrial de Curitiba: empresa ficou barata para as multinacionais| Foto: Divulgação

As ações da Positivo Informática subiram fortemente ontem em meio a boatos sobre a retomada das negociações para a sua venda. Os papéis da empresa chegaram a subir 88% e fecharam o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com alta de 78,85%, cotados a R$ 9,30. A principal interessada na Positivo seria a chinesa Lenovo, que já havia feito uma oferta oficial de compra em dezembro de 2008, quando ofereceu R$ 18 por ação, valor que foi rejeitado pela empresa paranaense. Na época, os rumores sobre a venda levaram a cotação do papel de R$ 4,75 para mais de R$ 11 -- acréscimo de mais de 100%, devolvido dias depois da rejeição da oferta.

Segundo a agência de notícias especializada em economia e negócios Bloomberg, a fabricante chinesa teria elevado a sua proposta para R$ 31 por ação – o que resultaria num desembolso total de R$ 2,7 bilhões –, 72% acima do oferecido em dezembro. Informações de mercado, no entanto, dão conta que a norte-americana Dell também teria retomado contatos com a Positivo. Especula-se que os valores oferecidos estejam próximos de R$ 28.

O valor de R$ 31 representa um aumento de quase 300% sobre o preço cotado ontem na bolsa de valores.

Procurada, a Positivo não concedeu entrevista. Por volta das 20 horas de ontem, a empresa divulgou um comunicado, assinado pelo diretor de relações com investidores, Ariel Leonardo Szwarc, em que nega os rumores. "Reiteramos que inexiste, por incompleto, ato ou fato relevante que deva ser divulgado ao mercado na forma da regulamentação em vigor, mas negar a existência de qualquer negociação em curso para venda do controle da companhia", diz a nota.

Os boatos pegaram de surpresa e geraram desconfiança em boa parte dos analistas de mercado, que consideram bastante agressivo o valor de R$ 31 por ação. "O que chama a atenção é que a Lenovo enfrenta dificuldades atualmente. E oferecer R$ 31 por ação representa uma aposta bastante alta", diz Alan Cardoso, analista da Ágora. "Uma oferta desse porte seria muito mais esperada por outras gigantes do setor, como a HP e a Dell", lembra.

Momento delicado

Quarta maior fabricante de computadores do mundo, a Lenovo não vive um bom momento. No último trimestre, registrou o primeiro prejuízo em três anos e anunciou um programa que prevê cortar 2,5 mil postos de trabalho e economizar US$ 300 milhões. Em meio a resultados ruins, o presidente executivo da empresa renunciou.

Para Luciana Leocadio Silvestrini, analista da Ativa, uma oferta como essa faria todo o sentido há um ano e meio. "Hoje o ambiente não está para pagamento de prêmios tão altos", afirma. "A tendência é que as ações da empresa voltem a ceder se o negócio não se concretizar", diz.

Segundo Maria Tereza Azevedo, analista da Link, o aumento do interesse da Lenovo pode ser explicado porque o Brasil representa uma oportunidade para a empresa se reerguer. "A companhia já anunciou planos de investir nos mercados emergentes. O Brasil pode ser o berço desse movimento. Mas, mesmo assim, uma oferta desse porte é muito alta", afirma.

Liderança

Líder nacional na venda de computadores, a Positivo comercializou 1,6 milhão de PCs em 2008, alta de 15,4% em relação a 2007. Segundo os dados mais recentes – do terceiro trimestre do ano passado – a empresa detinha 13,2% de participação no mercado brasileiro.

A Positivo viu aumentar o assédio a partir do ano passado, em função da queda dos preços das suas ações, ficando "barata" para os grupos internacionais. Nos últimos 12 meses, as ações acumulam queda de 65%.

A venda da empresa, no entanto, enfrenta restrições impostas pelo estatuto da companhia. Para efetivar a venda, a Positivo teria de buscar alternativas, como o fechamento do capital, com a compra da participação dos minoritários (28%) pelo mesmo valor da oferta recebida pelo bloco de controle.

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