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Sede da Sadia em Paranaguá. Eventual parceria com a Perdigão geraria um faturamento anual superior a 20 bilhões de reais | Hedeson Alves / Arquivo da Gazeta do Povo
Sede da Sadia em Paranaguá. Eventual parceria com a Perdigão geraria um faturamento anual superior a 20 bilhões de reais| Foto: Hedeson Alves / Arquivo da Gazeta do Povo

O fato de muitos dos principais acionistas da Perdigão, como os fundos de pensão brasileiros, também possuírem bom número de papéis da Sadia poderá ser determinante para que as duas empresas cheguem a um acordo para uma associação operacional, disseram especialistas nesta terça-feira (17).

As empresas, duas das maiores companhias de alimentos da América Latina, que juntas chegam a um faturamento anual superior a 20 bilhões de reais, confirmaram que estão discutindo uma eventual parceria, apesar de a Perdigão ter informado que, no momento, as conversas sofreram uma pausa após não ter sido alcançado um entendimento.

"Há uma pressão de acionistas, como a Previ e outros fundos de previdência. Eles possuem um volume considerável de ações preferenciais da Sadia e têm interesse em que o negócio saia", afirmou uma fonte familiar com as negociações, que pediu anonimato.

Segundo ele, a Sadia pode se complicar financeiramente se não receber algum auxílio nos próximos 60 dias.

"Deve estar uma pressão grande sobre a direção da Perdigão. Mas a palavra final é dos fundos", acrescentou.

Um analista de uma grande corretora de valores paulista, que não quis se identificar, afirmou que o problema da Sadia é com endividamento imediato.

"Ela está com caixa bom, mas tem dívidas no curto prazo", afirmou. "Com a associação, ela poderia melhorar o perfil da dívida, ou conseguir ajuda de alguma instituição."

Ele concorda com a avaliação de que além da questão estratégica existe a vontade de grandes acionistas.

"Tem interesse de muita gente pra que isso dê certo", disse o analista.

A Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informou por meio de sua assessoria de imprensa que não comentaria o assunto.

A Sadia e a Perdigão já estiveram às voltas com uma possível fusão, mas na primeira vez que isso ocorreu, em 2006, quem estava com maior capacidade de caixa era a primeira, que lançou oferta de compra hostil. A proposta não vingou.

Atualmente, a Sadia tenta se recuperar de perdas superiores a 700 milhões de reais com derivativos cambiais, após a desvalorização do real em meio à crise.

A Perdigão cresceu nos últimos anos, com aquisições como a da Eleva, mas o cenário para as empresas do setor não é positivo. Grandes exportadores, companhias como Sadia e Perdigão, assim como os frigoríficos, dependem de financiamento externo nessas operações, que praticamente secou.

Empresas importantes do setor, como o Independência e o Margen, pediram recuperação judicial recentemente.

"O dinheiro está curto e caro", afirmou a primeira fonte.

Governo pode ajudar

Do ponto de vista operacional, analistas afirmam que o negócio seria bom não só para a Sadia, mas também para a Perdigão.

Eles enxergam grandes economias com as sinergias, já que ambas atuam nos mesmos mercados, e aumento de margens de lucro.

Em meio ao cenário obscuro, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nesta terça-feira em audiência na Comissão de Agricultura do Senado que a situação do setor está sob estudo.

"No momento, o governo está analisando os impactos da crise para encontrar o melhor caminho, não só para o setor de carne bovina, como para os de suínos e aves, que também sentem os reflexos da crise", declarou.

O ministro negou, no entanto, que já exista um pacote pronto para o setor, afirmando que as empresas possuem situações diferentes e que não seria possível uma medida geral para todo o segmento.

As notícias sobre a possível parceria entre as duas maiores empresas no setor de aves e suínos no Brasil continua favorecendo seus papéis.

Por volta das 16h, as ações da Perdigão subiam 7,2 por cento e as da Sadia ganhavam 4,2 por cento, enquanto o índice geral da bolsa registrava alta de 1,2 por cento.

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