Para analistas, mudança vai resgatar credibilidade da Petrobras| Foto: Sergio Moraes/ Reuters

CVM abre processo para analisar balanço não auditado

Menos de uma semana após a Petrobras divulgar dados financeiros, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo para analisar informações da companhia. Tudo indica que o órgão regulador do mercado de capitais está pedindo explicações à estatal sobre o balanço, apresentado com dois meses de atraso e ainda sem o aval da auditoria independente PricewaterhouseCoopers.

O novo processo administrativo foi aberto na segunda-feira, a pedido da Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM, área técnica responsável por analisar as informações entregues por companhias abertas. Os números divulgados na madrugada do último dia 28 causaram polêmica. A Petrobras optou por não realizar baixas contábeis, mas apresentou cálculos estimando que R$ 88,6 bilhões em ativos da companhia estão superavaliados.

Apesar de ter publicado os dados do 3º trimestre de 2014, a Petrobras continua em débito com a CVM. As regras brasileiras determinam que os números devem ser auditados por uma empresa independente. Sem a assinatura da PwC, portanto, as demonstrações financeiras são um documento sem valor.

Estadão Conteúdo

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A Petrobras recuperou R$ 16,586 bilhões em valor na Bolsa em apenas um dia sob impacto da notícia de que a presidente Dilma Rousseff acertou a saída de Graça Foster da presidência da estatal e de toda sua diretoria. As ações da companhia petrolífera registraram a maior alta diária em 16 anos.

Os papéis preferenciais subiram 15,47%, para R$ 10, maior alta porcentual diária desde 15 de setembro de 1998, quando as ações subiram 18,10%, para R$ 1,875. Já as ações ordinárias fecharam em alta de 14,23%, para R$ 9,79, maior valorização diária desde 6 de março de 2013, quando os papéis avançaram 15,16%.

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O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 2,76%, para 48.963 pontos. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,3 bilhões, acima da média diária negociada no ano, que é de R$ 6,314 bilhões, até o dia 2 de fevereiro. Das 68 ações, 51 subiram, 16 caíam e uma se manteve inalterada.

A forte alta nas ações da Petrobras foi provocada pela informação de que o Planalto teria decidido substituir Graça Foster da presidência da estatal, o que acabou se confirmando após o fechamento do mercado. A avaliação do governo é de que a posição da atual presidente da Petrobras é insustentável diante do escândalo de corrupção que atinge a empresa.

Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, a informação guiou a forte alta na cotação dos papéis da empresa. "Há uma expectativa de reestruturação, que deve passar pela mudança de gestação e pela nomeação de executivos menos ligados ao governo e mais associados ao mercado, o que traz um fôlego novo às ações da estatal", diz.

RebaixamentoA notícia da saída de Graça ofuscou o rebaixamento da nota da estatal pela agência de classificação de risco Fitch, anunciada na tarde de ontem.

A agência citou a "crescente e prolongada incerteza" em relação à habilidade de a empresa estimar as perdas decorrentes de corrupção.

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O rebaixamento, segundo a agência Fitch, afeta diretamente cerca de US$ 50 bilhões em dívida emitida pela empresa brasileira. Foram rebaixados de BBB para BBB-, o último degrau considerado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador para sua dívida.