O aperto no crédito foi provocado principalmente pela falta de liquidez dos bancos, com a redução da oferta de dinheiro disponível no mercado. Apesar da boa saúde financeira, os bancos brasileiros viram minguar os recursos em função da crise global. Com a escassez no mercado externo, os preços de captação no Brasil dispararam. A situação levou o BC a adotar novas regras para o depósito compulsório e a permitir aos bancos de menor porte que negociem suas carteiras para instituições maiores. As medidas, no entanto, não devem ter efeito imediato sobre o crédito.
Para a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as recentes medidas do BC devem aliviar o mercado no médio prazo. "O problema é que os efeitos não são imediatos. A decisão de cortar o crédito seria como descer de elevador. Já a recuperação funciona como se fôssemos subir de escada", compara Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da entidade.
Uma fonte de um banco confirma que o cenário mais restrito para o crédito deve se manter nos próximos meses, mesmo com a ação do BC. "Não teremos uma alteração desse cenário até que haja segurança em relação à diminuição dos efeitos da crise", afirmou.
De acordo com o diretor de rede de agências do HSBC, Odair Dutra, as turbulências na semana passada provocaram uma queda de 10% no fluxo de operações, mas o volume já foi normalizado na sexta-feira e na última segunda-feira. De acordo com ele, no entanto, o brasileiro está atento às mudanças do mercado e cresceu o número de pessoas que procuram as agências do banco em busca de detalhes sobre as taxas e os prazos do financiamentos. Outubro e novembro são, tradicionalmente, períodos de maior procura por empréstimos, segundo Dutra. "O cliente pessoa física busca recursos porque sabe que vai receber o décimo terceiro salário. As empresas contratam porque precisam de capital e giro, querem repor estoques e pagar o salário adicional dos funcionários", diz (CR).
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