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Fontes ligadas ao setor elétrico vêem como positivo para a Copel o acordo firmado com El Paso e Petrobrás, anunciado como façanha pelo governo estadual. Ao mesmo tempo, a novela de quase quatro anos envolvendo a usina é apontada como uma ameaça ao sistema energético brasileiro e à atração de novos investimentos ao país.

"Para a Copel foi um bom negócio", diz um ex-funcionário graduado da companhia, que pediu anonimato. "Mas a negociação deveria ter sido feita quando Requião assumiu. Assim, a empresa não teria perdido a garantia de abastecimento de gás a preço vantajoso. Além disso, todas as dívidas geradas por inadimplências e quebras de contrato não teriam surgido."

O engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, diretor da consultoria em energia Enercons e ex-diretor da Copel Distribuição, diz que a empresa teria falido se mantivesse os pagamentos. "Já em junho de 2003 não haveria dinheiro para pagar pessoal. O contrato era lesivo e mal-feito. Quando você compra gás, realmente tem que existir o ‘take or pay’. Mas o valor era absurdo. A usina ia dar prejuízo mesmo se funcionasse."

Marco Aurélio Tavares, especialista da consultoria Gas Energy, concorda que o sistema pesava muito no custo médio de geração da Copel. "No antigo modelo do setor energético, todo o peso das termelétricas recaía sobre as distribuidoras locais, era muito alto para os estados e, conseqüentemente, seus consumidores", explica. "A partir de 2004, com o novo modelo, isso mudou. Hoje, as térmicas são contratadas por todo o sistema, e 20 ou 30 distribuidoras compram porcentuais dessa energia."

Do ponto de vista do contexto energético brasileiro, contudo, o impasse da UEG é considerado "absurdo". "Uma decisão política e populista deixou a usina fora do sistema por alguns anos. Criticamos a Bolívia, mas situações como essa ocorrem debaixo do nosso nariz", diz o consultor. "Lá atrás, quando se fez o programa de térmicas e não se planejou direito a entrada delas no sistema, muitos investimentos não ocorreram. Mas o caso da UEG Araucária é o pior, pois custou caro, estava pronta e quase não funcionou. É o retrato perfeito de nossa ineficiência." (FJ)

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