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Brasília (AE) – O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel, do Ministério da Agricultura, disse ontem que a ocorrência de um foco de febre aftosa na Argentina pode favorecer o Brasil, que tenta reabrir mercados para a carne. Segundo ele, o Chile, que suspendeu as compras de todo o país, depois que foram confirmados focos em Mato Grosso do Sul e no Paraná, pode retomar as compras do Brasil. "Indiretamente, o foco na Argentina pode nos fazer vender mais", afirmou. O Chile comprava cerca de 11% das exportações brasileiras de carne.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, concorda com a avaliação. Ele explica que o equilíbrio entre oferta e demanda no setor é "frágil" e que a redução das vendas argentinas deverá provocar uma elevação de preços do produto, já que não há alternativas de fornecedores no mundo. Além do previsto aumento de valores, os volumes exportados do Brasil também tendem a crescer, segundo ele.

Apesar do impacto econômico positivo, o vice-presidente da AEB argumenta que o problema argentino gera danos à imagem da América Latina. "Se os dois principais países da região, que estão entre os maiores exportadores do produto no mundo, têm aftosa, infelizmente isso afeta negativamente imagem dos países da região como fornecedores mundiais", comentou.

Medidas

De acordo com o secretário, o Brasil fará a partir de março um monitoramento diário das fronteiras dos estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso do Sul com outros países. O acompanhamento permitirá, quando for ocaso, que uma foto seja tirada da movimentação de animais nas fronteiras. Esse registro evitará o trânsito irregular de animais. Para que o sistema fosse colocado em prática, o ministério repassou R$ 1,8 milhão à Embrapa e mais R$ 2,2 milhões para uma empresa privada que faz o monitoramento por satélite.

Com o foco de aftosa na Argentina, Maciel pedirá que esse tipo de trabalho seja feito na fronteira do Paraná com o Paraguai; Paraná com Argentina; no Rio Grande do Sul com Argentina e também nas fronteiras de Santa Catarina. Na Região Sul, o sistema deve entrar em operação em três meses.

Para minimizar o risco sanitário, o secretário confirmou que haverá ampliação da vigilância em cada estado e reforço na fronteira. Ele não soube dizer quantos técnicos estarão envolvidos neste trabalho. "A fronteira sempre preocupa e a defesa sanitária deveria ser considerada como assunto de segurança nacional", ressaltou Maciel. Ele observou que os estados não podem adotar medidas adicionais em relação às determinações estabelecidas pelo governo federal.

O Brasil suspendeu temporariamente o ingresso de animais vivos e seus produtos e subprodutos suscetíveis à aftosa originários da Província de Corrientes. Em comunicado enviado ao Serviço Nacional de Sanidade Agroalimentícia (Senasa) e à Embaixada do Brasil em Buenos Aires, o governo ampliou o embargo, determinando a suspensão das importações de animais vivos e carne com osso do restante da Argentina.

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