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Agências de viagem dos três estados da Região Sul e de Minas Gerais promovem desde ontem um boicote à venda de passagens da Gol Linhas Aéreas. O movimento, que deve durar até a sexta-feira, ocorre em protesto contra a redução nas comissões das agências. Desde 1.º de janeiro, a Gol reduziu de 10% para 7% a comissão para a venda de bilhetes nacionais e de 9% para 6% os internacionais.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR), Antônio Azevedo, as agências estão dando preferência para outras companhias. "O corte ocorreu de uma maneira aleatória e descortês, o que causou uma grande indignação. Não há uma imposição para que o passageiro não compre Gol. Mas estamos mostrando outras opções." Ainda de acordo com o presidente, a entidade nacional pretende entrar como uma ação judicial contra a companhia. "O próprio Código Civil não permite o rompimento de contrato de forma unilateral como foi feito."

Em nota, a Gol diz "não entender a razão do movimento da ABAV, pois pratica o mesmo comissionamento padrão das demais companhias" e informa que as suas vendas estão no mesmo nível verificado antes do movimento da associação. O comunicado diz ainda que, nesta época de alta temporada, toda a indústria de turismo deveria estimular e facilitar as viagens de seus clientes, para benefício dos consumidores, do setor e do país.

O presidente da Abav confirma que TAM e Varig praticam as mesmas comissões adotadas agora pela Gol – 6% e 7% –, mas lembra que há uma briga na Justiça, já vencida por agências de outros estados, para aumentar este porcentual. Os agentes entraram na Justiça depois que a Varig tentou reduzir a comissão, em 2001. "No Paraná, tivemos uma decisão favorável às companhias. Mas vamos entrar com novo recurso." As companhias menores, como OceanAir e WebJet, pagam 10%.

De acordo com Azevedo, a TAM já demonstrou interesse em negociar extrajudicialmente a questão. A companhia informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar a questão.

O diretor da Lyom Turismo, Antônio Carlos de Campos, confirma que a agência suspendeu, dentro do possível, as vendas de passagens da Gol. "É uma atitude pela nossa sobrevivência." De acordo com o empresário, 70% dos negócios da agência são venda de passagens – dos quais 30% da Gol. Com o boicote, a Lyom deve perder 10% do seu faturamento mensal. Já o empresário Danilo Casagrande, sócio da Golden Tour, preferiu não aderir ao boicote. "Se eu não vendo aqui, o cliente vai na agência em frente e compra. A concorrência é muito grande."

O diretor da Lyom diz que, no longo prazo, a redução da comissão pode significar aumento de preços para o cliente. Isso porque muitas agências compram passagens com as chamadas consolidadoras – espécie de "atacadistas" do setor. Antes, dos 10% pagos pela Gol, 3% ficavam para essas empresas e 7% eram repassados. O repasse agora deve ser de apenas 3%.

Segundo o empresário Valmor Duarte, presidente do Grupo Meta, que mantém uma das 8 consolidadoras que funcionam no Paraná, TAM e Varig também vendem através delas, mas com comissões de 7% para agentes e para consolidadores. "É uma forma de elas atenderem a toda a demanda, desafogando seus sistemas. É um modelo mundial, necessário para as companhias." Para o empresário, as agências de pequeno e médio porte não vão conseguir sobreviver com a nova comissão.

De acordo com dados da Abav, 71% das vendas da Gol são feitas via agentes de viagens. Na TAM, o porcentual é de cerca de 83%.

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