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Agroindústrias se tornaram sinônimos da geração de emprego, como na avicultura. | Lineu Filho/Gazeta do Povo
Agroindústrias se tornaram sinônimos da geração de emprego, como na avicultura.| Foto: Lineu Filho/Gazeta do Povo

4,3%

a 4,4% de retração do PIB. Esse seria o tombo da economia brasileira em 2015 caso a contribuição do campo fosse nula, estima o economista Lucas Dezordi, da Universidade Positivo.

Nenhum setor da economia brasileira vai tão bem quanto o agronegócio. Ilha de prosperidade em um país em recessão, o campo bate recordes anuais de produção, sustenta o comércio exterior, gera empregos e dribla as crises nacionais, apresentando taxas sustentáveis de crescimento há três anos. Na última quinta-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou a força do segmento. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 3,8% em 2015, o da agropecuária saltou 1,8%.

Da geração de renda à criação de empregos, há uma série de fatores que dão vantagem ao campo. A boa remuneração do mercado externo e a demanda crescente por alimentos em países como a China abriram margem para um salto de 107% na produção de grãos em quinze anos, rompendo a barreira dos 200 milhões de toneladas. No mesmo período as exportações do campo dispararam 406%, chegando a US$ 75 bilhões.

O quadro garante uma “injeção na veia” da balança comercial nacional, bem como desdobramentos em fatores como a geração de emprego e o próprio PIB. “O agronegócio tem um papel multiplicador na economia, influenciando toda a cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor final. Ela gerou novos empregos e minimizou os impactos negativos de uma economia em recessão”, pontua o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. Em 2015, a agropecuária foi o único setor que registrou saldo positivo de empregos (8,2 mil postos de trabalho), conforme dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Mais do que demanda, o campo foi favorecido por avanços tecnológicos e de assistência técnica que ampliaram a produtividade. Como complemento, o setor viveu um reforço na injeção de subsídios para custeio da safra, comercialização e investimentos. Entre as safras 2000/01 e 2015/16 o montante de recursos que compõem o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) subiu de R$ 8 bilhões para R$ 187,8 bilhões. O aporte permitiu a construção de novas agroindústrias e reforço na infraestrutura. “O crédito rural realmente foi importante para impulsionar o campo. No entanto, hoje, se compararmos com outros setores, somos o que menos utiliza. O agronegócio recebe pouca ajuda do governo, por isso temos mais produtividade e competitividade”, pondera o superintendente técnico da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Bruno Lucchi.

Mesmo crescendo num ano de pessimismo, o agro não ficou imune ao enfraquecimento da economia. Tirando o desempenho negativo da agropecuária em 2012 (-3,1%), por seca; e 2009 (-3,7%), por crise econômica; 2015 só foi melhor que 1997 (+0,8%) e 2005 (+1,1%), em uma série iniciada em 1996. “Isso leva a conclusão de que o agronegócio, apesar de apresentar desempenho positivo em 2015, não passou ileso das consequências da crise”, disse a economista Tânia Moreira Alberti, da Federação de Agricultura e Pecuária do Paraná (Faep), em relatório.

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