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O mercado de ações no Brasil está em queda. Mas a regra clássica de investir na Bolsa durante a baixa e vender na alta não vale neste momento. Apesar do recuo de 15,5% do Ibovespa em 2013 e do mau começo deste ano, analistas creem que investimentos na Bovespa só devem ser considerados num horizonte de resgate de longo prazo, acima dos 18 meses.

Em 2014, as turbulências do mercado devem se manter. As reduções nas injeções mensais de dólares do banco central dos Estados Unidos nos mercados diminuirão o fluxo de investimentos. Há também o possível corte na nota de crédito do Brasil, que, caso ocorra, afugentará aplicações. Pesam ainda a desconfiança em relação aos emergentes e o risco de desaceleração econômica na China, importante mercado para empresas nacionais, como a Vale.

"No Brasil, a palavra é volatilidade", diz o gestor de renda variável da Concórdia, Thiago Tregier. "A Bolsa só reagirá quando o cenário interno melhorar e, com ele, as perspectivas para o PIB." O resultado da Bolsa, para Rodrigo Vazquez, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, dependerá do desempenho macroeconômico do País. "A Bolsa cresce quando o PIB sobe, mas não deve haver nenhuma melhora expressiva neste ano", diz.

Não se pode negar as oportunidades de compra de algumas ações, hoje vendidas pela metade do valor patrimonial das empresas, como no caso da Petrobras. Mas o sobe e desce assusta. Assim, a sugestão é clara: "O investidor só deve colocar na Bolsa o capital que não vai precisar em menos de dois anos", diz Vazquez.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, tem opinião semelhante. Embora corrobore a recomendação de que devemos comprar na baixa e diga que os preços das ações da Bovespa estão mais descontados do que deveriam, pondera: "Fatores externos e domésticos, como as eleições presidenciais, sugerem volatilidade no curto prazo e, para um investidor pequeno, pode ser arriscado".

Hoje, o investidor estrangeiro está se livrando de suas ações no País, vendendo-as por preço inferior ao que elas realmente valem - e isso derruba as cotações. Seus investimentos têm sido levados para mercados considerados mais seguros, como o americano, cujas bolsas têm maiores retornos. O índice S? (2) baixos níveis de produção, associados ao alto custo de exploração do petróleo; e (3) a tensão de um ano de eleições como este.

A desconfiança dos investidores com a economia brasileira joga contra a empresa, diz Miguens. Como a Petrobrás é a maior companhia nacional, o humor do mercado em relação ao Brasil sempre respinga sobre ela. E o momento, como se sabe, não é de risos. Só em 2014, seus papéis preferenciais já caíram 15%. Estão cotados na faixa dos R$ 14, algo inédito desde 2008.

Bancos

Dentro do Ibovespa, além de Petrobrás e Vale (queda de 26% em 12 meses), as ações de bancos não tinham bom desempenho até janeiro. A primeira explicação é que, por serem ações líquidas, há forte relação entre os papéis e o momento da economia. A saída de estrangeiros da Bolsa impacta fortemente o preço dos ativos. "A segunda questão é o pagamento dos planos econômicos, algo ainda não julgado na Justiça e que trouxe pressão sobre o setor", avalia a analista Karina Freitas, da Concórdia.

Os dados já divulgados em fevereiro, porém, são bons, diz o analista da Coinvalores Felipe Silveira. Com boas perspectivas, a recomendação é de compra, sempre considerando que, neste ano, a ação pode ainda ter volatilidade. Silveira só faz uma ressalva para Santander e Banco do Brasil. "O Santander demorou para cortar custos, se comparado ao que outros bancos fizeram", diz. "E o BB tem o foco do crédito em carteiras cujo risco de inadimplência é superior (automóveis e agrícola)."

As ações do setor já reagem. Os papéis do Itaú Unibanco, que estavam em tendência de queda, passaram a subir após a divulgação do balanço do banco. Figuram entre as maiores altas do Ibovespa em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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