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A fabricante de eletrônicos Samsung demonstrou recentemente a tecnologia que deve competir com o WiMax, sistema de banda larga sem fio que está em processo licitatório no Brasil. De acordo com os coreanos, a nova rede permitirá aos seus usuários abrir um laptop em qualquer lugar para surfar na internet, baixar músicas e imagens em velocidade superior à banda larga convencional – tudo isso sem a necessidade de fios nem hot spots (os pontos de acesso do sistema wi-fi). Mas enquanto Samsung, Intel e a companhia telefônica japonesa NTT DoCoMo gastam bilhões de dólares no desenvolvimento das novas tecnologias wireless (sem fio) – e na divulgação destas como a próxima revolução no acesso à internet – os analistas questionam se a aposta não é arriscada demais.

O ceticismo de alguns investidores está baseado no histórico de erros da tecnologia de transmissão de dados sem fio. Basta lembrar que as redes de telefonia móvel têm boa capacidade para isso há quase uma década e, mesmo assim, são usadas para falar ao celular. Segundo essa análise, mesmo que seja uma maravilha tecnológica, o novo sistema não será atraente para os consumidores. No Brasil, apenas 2,2% da população tem banda larga convencional (via cabo ou ADSL, por exemplo). "As teles e outras empresas têm direito de comprar parte do espectro de radiofreqüência para prover banda larga sem fio para quem pode pagar. E quem não poder pagar?", questiona o representante do terceiro setor (ONGs) no Comitê Gestor da Internet no Brasil, Gustavo Gindre, ao comentar o leilão do WiMax (leia abaixo). "O mercado não vai ter interesse em levar banda larga para esses lugares porque não vai ter quem pague".

Mesmo nos Estados Unidos, onde a conexão rápida à internet movimenta US$ 60 bilhões ao ano, os investidores já alertam que sistemas como o desenvolvido pela Samsung ou o próprio WiMax são muito caros para se construir. "Não há um modelo de negócios claro, a não ser muito marketing", afirma o analista da consultoria Charter Equity Research, Edward Snyder. A lógica é a seguinte: como as redes serão muito caras, o custo (ou parte dele) será transferido para as mensalidades do usuário – e o velho modem poderá continuar sendo suficientemente veloz, confiável e barato.

4G

A demonstração da Samsung faz parte da tecnologia 4G – redes que consigam transmitir dados a uma velocidade de 1 gigabit por segundo (Gbps), o suficiente para baixar um longa-metragem em seis segundos. O nome é uma abreviatura de "4.ª geração". A primeira seria a dos celulares analógicos; a segunda foi a das tecnologias GSM e CDMA, surgidas na década passada; e a terceira é formada pela redes EV-DO e WCDMA que, apesar de serem bem-sucedidas no Japão e na Coréia, ainda não conquistaram muitos clientes na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil (onde a operadora Vivo é a única a ter rede EV-DO).

Hoje, basicamente existem dois padrões 4G competindo. O WiMax, liderado pela Intel, já consumiu centenas de milhões de dólares (a quantia exata é um mistério) em pesquisa e desenvolvimento de semicondutores que acessem futuras redes sem fio. A Samsung e seu novo sistema, bom como a Motorola, integram esse grupo – e pagam 3% de royalties para a fabricante norte-americana de microchips, detentora da patente do WiMax.

Rival

Do outro lado do ringue, estão a japonesa NTT DoCoMo, a Qualcomm e fabricantes européias como a sueca Ericsson, que testam uma evolução da tecnologia de dados via celular. É esperar para ver... A operadora Sprint Nextel, dos EUA, promete para o próximo ano uma rede WiMax em território norte-americano. O investimento total da companhia é de US$ 3 bilhões. Com um aporte desse tamanho, os consultores são unânimes em dizer que será preciso conquistar 100 milhões de usuários. Para efeito de comparação, o Brasil tem menos de 15 milhões de internautas (e grande parte deles em linha discada!). Parece que estamos longe da banda larga sem fio...

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