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Carne verde

Boi orgânico é tratado com homeopatia

Um projeto piloto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estuda o uso de remédios homeopáticos para o tratamento e prevenção de doenças no gado de corte. O processo de certificação para a produção da carne orgânica proíbe a prescrição de medicamentos convencionais o rebanho. A pesquisa pretende desenvolver os remédios homeopáticos e fitoterápicos que servirão como alternativa aos pecuaristas orgânicos. Na fazenda de 4,3 mil hectares da Embrapa-Pantanal, localizada a 160 quilômetros de Corumbá (MS), a homeopatia veterinária já é uma realidade e apresenta resultados práticos no controle de verminoses. Para ganhar o selo de "carne verde", além da restrição ao uso de medicamentos, os animais devem ser criados em pastos ecológicos com o mínimo de alteração, sendo vedado o desmatamento, o uso de fogo, agrotóxicos e aração do solo. A alimentação também deve ser de origem orgânica, sem a presença de proteínas de origem animal.

O baixo índice de industrialização da produção orgânica e o complexo processo de certificação são apontados por especialistas como os principais gargalos para o desenvolvimento do setor. Além do alto custo, que gira em torno de R$ 10 mil para um pequeno produtor, a certificação é quesito obrigatório para a comercialização dos orgânicos. Além disso, o licenciamento, que deve ser renovado todos os anos, envolve o cumprimento de uma série de quesitos socioambientais, como descontaminação do solo, averbação de área de preservação permanente, registro e documentação da propriedade e dos funcionários e a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva.

"É preciso acompanhar e registrar todo o processo, desde a aquisição das sementes ou mudas até o produto final, para que se possa fazer o caminho inverso", explica o supervisor de certificação do programa de orgânicos do Instituto de Tecnologia Paraná (Tecpar), Danilo Grapiúna.

No segundo semestre de 2009, o Tecpar lançou, em parceria com a secretaria de Ciência e Tecnologia e instituições estaduais de ensino superior, um projeto de certificação gratuita para os produtores orgânicos paranaenses. As universidades selecionaram profissionais recém-formados para atuar na assistência aos agricultores familiares e o Tecpar entra com o processo de certificação a produção vegetal, animal, e das unidades de processamento de produtos orgânicos.

"Qualquer pequeno produtor pode migrar para a produção orgânica. Mas existe um período de conversão, que dura em média três anos. Os interessados devem procurar a Emater, o Tecpar ou a secretaria de agricultura para pedir as orientações técnicas necessárias", explica a gerente de certificação e coordenadora do programa do Tecpar, Tânia Melo de Carvalho.

Recentemente, o governo federal prorrogou o prazo para adaptação dos agricultores às novas regras de produção orgânica. Elas começariam a valer no dia 28 de dezembro de 2009, mas só terão efeito à partir de 31 de dezembro deste ano. "Mesmo assim, quanto antes o produtor estiver de acordo com as novas regras, melhor."

Cooperar

A solução para o barateamento dos custos diante da menor produtividade do sistema orgânico pode estar no cooperativismo, apontado como um caminho natural para o setor. No município de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná, existe uma iniciativa neste sentido e os agricultores vêm conseguindo baratear os custos com a venda em volume e ganho em escala e qualidade.

"A organização melhora a qualidade dos produtos e a industrialização agrega valor", explica Grapiúna, do Tecpar.

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