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Amazon, Apple, Facebook e Google: invejadas pelo sucesso, investigadas pelo poder
| Foto: Jackson Gibbs/NYT

Amazon, Apple, Facebook e Google são invejadas pelo mundo corporativo americano, admiradas por seu tamanho, influência e crescimento notável. Agora, esse sucesso está atraindo um tipo diferente de atenção. Em Washington, Bruxelas e outros lugares, reguladores e legisladores estão investigando se as quatro empresas de tecnologia usaram seu tamanho e riqueza para esmagar a concorrência e expandir seu domínio.

As quatro empresas são tão frequentemente associadas que acabaram conhecidas como Big Tech. Seus modelos de negócios diferem, assim como os argumentos antitruste contra elas. Mas essas queixas têm uma coisa em comum: o medo de que muito poder esteja nas mãos de poucas empresas.

Aqui está o caso contra a Big Tech – e como esta respondeu.

Amazon: favorecendo seus próprios produtos?

Ao longo dos anos, políticos e reguladores acalentaram a ideia de desmembrar a Amazon. Isso incluiu o desmembramento de seu negócio extremamente rentável de computação em nuvem ou a reversão de sua aquisição da Whole Foods.

Mas grande parte do recente escrutínio da Amazon na Europa e em Washington se concentra na ideia de que a empresa favorece indevidamente seus próprios produtos em detrimento dos de terceiros, que dependem das vendas da gigante do comércio eletrônico. Os reguladores também estão analisando se os vendedores precisam usar determinados serviços da Amazon, como anúncios e rede de atendimento.

Quando a Amazon começou, foi estruturada principalmente como uma loja tradicional, comprando produtos de marcas e fabricantes a preço de atacado e vendendo os itens aos consumidores.

Ela então expandiu a quantidade de artigos disponíveis em seu site ao vender produtos de outros comerciantes diretamente aos clientes. Em 2018, 58% das vendas na Amazon foram feitas por esses vendedores.

Uma linha de questionamento antitruste examina os produtos que a empresa vende de suas próprias marcas, como AmazonBasics para baterias, ou Mama Bear para fraldas e lenços umedecidos. A Amazon tem mais de 140 marcas próprias, de acordo com a TJI Research.

Depósito da Amazon, em Nova York. Foto: Hiroko Masuike/NYT
Depósito da Amazon, em Nova York. Foto: Hiroko Masuike/NYT| NYT

Os legisladores queriam saber se a Amazon se aproveita dos dados que coleta dos vendedores para desenvolver suas próprias ofertas. Eles também questionaram se os produtos próprios têm promoção preferencial no site.

A empresa disse ao Congresso que usa dados agregados, e não informações "relacionadas especificamente a vendedores individuais", e que os produtos de marca própria compõem cerca de 1% do total das vendas.

A autoridade antitruste da Itália está analisando se a Amazon dá maior visibilidade e classificações de pesquisa aos vendedores que enviam produtos por meio de sua vasta rede de atendimento, a qual eles pagam para usar. Os legisladores em Washington fizeram perguntas semelhantes.

Apple: o poder da App Store

Os críticos da Apple têm como foco seu controle da App Store, o mercado para aplicativos de iPhones, iPads e computadores Mac. A App Store se tornou uma forma crucial de as empresas digitais alcançarem os clientes, e a Apple exerce um controle rigoroso sobre seu conteúdo.

A empresa disse que tem o direito de "fazer a curadoria" da App Store para garantir a qualidade e para afastar fraudes. Como resultado, sua loja geralmente inclui menos aplicativos fraudulentos que a do Google.

Mas, enquanto a empresa é o único árbitro da App Store, ela é também um de seus maiores concorrentes. A Apple apostou seu futuro no aumento do gasto dos usuários em seus aplicativos e serviços, e isso em parte depende de as pessoas optarem por eles em detrimento de aplicativos rivais.

Logo da Apple em loja de Nova York. Foto: Emma Howells/NYT
Logo da Apple em loja de Nova York. Foto: Emma Howells/NYT| NYT

Alguns desenvolvedores acusaram a Apple de abusar de seu controle da App Store para prejudicar os concorrentes e se beneficiar. O Spotify apresentou tal reclamação aos reguladores europeus, e os criadores de aplicativos de controle parental se queixaram aos reguladores da Europa, da Rússia e dos Estados Unidos sobre restrições da empresa após o lançamento de seu próprio serviço concorrente.

A Apple disse que enfrenta uma concorrência feroz e que não favorece seus próprios produtos na App Store; e que isso não é um monopólio, porque não tem uma participação majoritária na maioria dos mercados.

Facebook: consolidação de redes sociais

Durante anos, os capitalistas de risco e estrategistas de tecnologia em todo o Vale do Silício admiraram a visão de futuro de Mark Zuckerberg.

No início do Facebook, quando muitos especialistas da indústria se questionavam se ele seria o próximo MySpace, Zuckerberg buscava uma vantagem para evitar quaisquer ameaças de irrelevância digital.

Seus esforços funcionaram – talvez bem demais. A Comissão Federal de Comércio dos EUA está investigando o que alguns chamaram de "programa de aquisições defensivas em série" do Facebook, um método para manter o domínio da empresa nas redes sociais.

Os reguladores poderiam alegar que as aquisições eram uma violação das leis antitruste Sherman e Clayton – que no século passado foram a base dos processos antitruste nos EUA.

Mark Zuckerberg é alvo frequente de críticas. Foto: Jessica Chou/NYT
Mark Zuckerberg é alvo frequente de críticas. Foto: Jessica Chou/NYT| NYT

Isso pode incluir algumas das maiores aquisições do Facebook, como o Instagram, a rede de compartilhamento de fotos comprada por US$ 1 bilhão em 2012. Apenas dois anos depois, o Facebook gastou US$ 19 bilhões no WhatsApp, o aplicativo de mensagens global usado por mais de um bilhão de pessoas.

Os concorrentes acreditam que, muito antes de o Facebook comprar qualquer uma dessas empresas, Zuckerberg estava de olho nas startups que poderiam representar uma ameaça a seu negócio. O Facebook adquiriu mais de 70 empresas em um período de cerca de 15 anos.

O Facebook se defendeu dizendo que enfrenta uma competição dura em casa e no exterior, mencionando concorrentes como a Apple nos Estados Unidos e o WeChat na China. Além disso, como testemunhou perante o Congresso em meados deste ano, a empresa alega que as barreiras para o surgimento de uma possível concorrência a seu negócio estão mais baixas do que nunca. Startups como Snapchat, TikTok e outras surgiram rapidamente ao longo dos últimos 10 anos.

Google: o domínio dos resultados de busca

Quando o Google estreou em 1996, seus resultados de buscas eram uma lista simples de 10 links azuis para sites que poderiam responder à consulta do usuário. "Queremos tirá-lo do Google e colocá-lo no lugar certo o mais rápido possível", disse Larry Page, cofundador do Google, em uma entrevista para a "Playboy" em 2004.

Anos mais tarde, em vez de enviar o usuário para outra página, o Google começou ele mesmo a responder às suas próprias perguntas. E ficou tão bom em responder às perguntas dos usuários que agora mais da metade das buscas termina no próprio Google, sem um clique em outro site, de acordo com uma análise recente de Rand Fishkin, analista de pesquisa on-line.

Alguns concorrentes argumentam que o Google está abusando de seu domínio e induzindo os usuários da internet a não sair de seu site, o que afasta os clientes dos concorrentes, cujos anúncios não serão vistos.

Celular Pixel, da Google. Foto: Damien Maloney/NYT
Celular Pixel, da Google. Foto: Damien Maloney/NYT| NYT

A forma como o Google apresenta seus resultados de busca pode estar sujeita a leis antitruste, porque tem um monopólio efetivo, contando com mais de 90 por cento das buscas em todo o mundo, de acordo com algumas estimativas. Como o Google se tornou a principal maneira de os clientes encontrarem empresas, direcioná-los para seus próprios produtos pode ser considerado um comportamento nocivo à concorrência, de acordo com algumas leis.

O Google disse que enfrenta ampla concorrência e que seu mecanismo de busca é projetado para dar aos usuários os resultados mais relevantes, não para se favorecer.

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