Analistas criticam pacote por não cortar gastos

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São Paulo – Na opinião de economistas do mercado financeiro, faltou o lado do corte de gastos correntes nas medidas anunciadas ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A medida inclui desonaração tributária e a criação de um fundo para subsidiar a construção civil. Não se falou, no entanto, sobre o que o governo fará para reduzir os próprios gastos.

"Por enquanto, o governo só anunciou o que depende dele sem maiores esforços. O que precisa ser feito com maior determinação, que é o corte de despesas na própria carne, por enquanto não temos nada", avalia o economista Júlio Callegari, do JP Morgan. "A parte difícil de executar, não está lá."A percepção, até o momento, é de que o anúncio apenas de "medidas positivas" parece mais uma decisão política. Pouca gente acredita, por exemplo, que a compensação para as medidas de desoneração possa vir apenas de um maior rigor na cobrança de dívidas e tributos por parte da União.

"Parece que há um lado do governo que quer fazer o país crescer mais de maneira estrutural, promovendo cortes de gastos, e que há outro lado querendo um crescimento rápido, imediato", diz o economista chefe da Itaú Corretora, Guilherme da Nóbrega. "Se olharmos bem, parece que não há uma linha a ser seguida. E isso reflete uma pressão que o governo vem sofrendo desses dois lados."

Para a economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, além de serem insuficientes, as medidas podem representar a repetição de uma fórmula que o governo já utilizou em momentos passados e que, na prática, não surtiram efeito significativo no investimento: a desoneração ruidosa para alguns setores e o aumento silencioso de tributos para outros.

FGTS

O representante da Confederação Nacional do Comércio no Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Pedro Cortez, diz ser contra a criação de um fundo de investimento com recursos do FGTS. "Não há retorno garantido. Existem riscos, com possibilidade de o resultado ser positivo ou negativo." Para ele, investimentos com recursos do Fundo de Garantia precisam ter retorno do capital com remuneração fixa.