O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar hoje, de acordo com a previsão da maior parte dos analistas, um resultado bastante forte para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. No segundo trimestre, porém, já há sinais de arrefecimento e a grande discussão no mercado é se uma desaceleração significativa está claramente em curso - ou se ainda é cedo para se fazer essa aposta.
Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, diz que "a surpresa do primeiro trimestre foi, na verdade, um voo de galinha". Ele prevê alta em torno de 1,3% no resultado a ser divulgado hoje, em relação ao trimestre anterior, na série dessazonalizada. Essa alta, porém, para o economista, deve estar fortemente apoiada num grande crescimento dos investimentos, que ele considera quase acidental.
Bráulio atribui a alta dos investimentos no primeiro trimestre à data em março do encerramento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - linha mais barata criada em 2009 para combater a crise global. "Houve antecipação de compra de maquinário por causa do fim do PSI." O programa acabou prorrogado, mas com condições mais restritivas.
No segundo trimestre, Bráulio prevê que aquela antecipação prejudique os investimentos. Segundo o economista, isso já aparece no dado ruim da produção industrial em abril - que caiu bem acima das projeções do mercado -, quando o recuo dos bens de capital foi de quase 3%.
Segundo José Márcio Camargo, sócio da Opus Gestão de Riscos, "há alguns sinais muito leves de desaceleração (no segundo trimestre), mas acho que tem de esperar para ver até que ponto vai acontecer". Camargo nota que os dados da Federação Nacional de Distribuição de veículos Automotores (Fenabrave) indicam um forte crescimento de 10,15% nas vendas em maio, comparadas a abril. Para ele, está claro que a economia não cresce mais a 7 5%, como no início de 2010. "O problema é que não dá para saber ainda o quanto ela esfriou."
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