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Edward James Olmos, Ridley Scott, Daryl Hannah e Rutger Hauer, na exibição de "Blade Runner: a versão final", em Veneza | AFP/Gazeta do Povo
Edward James Olmos, Ridley Scott, Daryl Hannah e Rutger Hauer, na exibição de "Blade Runner: a versão final", em Veneza| Foto: AFP/Gazeta do Povo

Brasília – A elevação das projeções para a inflação neste ano levou os analistas do mercado financeiro a apostarem que o Banco Central irá cortar menos a taxa de juros neste ano. A expectativa é que a taxa Selic termine o ano em 11%, contra 10,75% da projeção anterior. No entanto, a aposta para a reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC foi mantida: corte de 0,25 ponto porcentual, para 11,25%.

O Copom se reúne hoje e quarta-feira em meio à maior crise financeira global enfrentada na gestão de Henrique Meirelles, que assumiu em 2003 com inflação anual em 12,53% e juros em 25%. Para este ano, o mercado projeta inflação de 3,86%, enquanto os juros básicos (taxa Selic) estão hoje em 11,5%.

As projeções do mercado fazem parte do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central. As expectativas para o próximo ano também foram alteradas e o mercado espera que a taxa básica esteja em 10% ao ano em dezembro de 2008, contra 9,75% da previsão anterior.

Além do mercado financeiro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) também demonstrou preocupação com a eventual reversão do ciclo de queda da taxa Selic. Segundo o economista da CNI Renato da Fonseca, se o Banco Central parasse de cortar os juros ou, no pior dos cenários começasse a elevar a taxa, o processo de investimentos que ocorre na economia poderia ser abortado. "Temos de aprender a conviver com inflação mais baixa. Se sempre acharmos que se o país crescer a inflação vai explodir, não vamos crescer nunca", disse.

Fonseca lembrou que, nos Estados Unidos, houve um ciclo de crescimento de dez anos sem inflação, por conta de ganhos de produtividade. Para ele, ganho de produtividade ocorre com investimentos do governo em infra-estrutura e das empresas em tecnologia.

Ele lembrou que hoje o Brasil ainda vive as conseqüências da elevação dos juros ocorrida em 2004, quando se iniciava um ciclo de crescimento e mais investimentos, que acabou sendo interrompido. "Quando o BC eleva os juros, o ritmo de investimento cai porque o empresário acha que não vai vender."

O BC pode optar por frear a política de redução da taxa de juros por temor de que os preços subam e a inflação fique fora da meta, que é um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5%. Além disso, decisões de política monetária deste ano têm efeito sobre o comportamento dos preços no ano que vem.

O mercado financeiro elevou pela terceira vez consecutiva a previsão da inflação medida pelo IPCA, que passou de 3,86% para 3,92%. Para o ano que vem ela foi mantida em 4%.

A expectativa para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi elevada de 3,97% para 4,18%. Já a do Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) passou de 3,82% para 4,30% neste ano. Essa é a quinta elevação consecutiva. Para 2008, a previsão de ambos os índices foi mantida em 4%.

O BC registrou também que o mercado financeiro ajustou para cima, pela quinta vez, a projeção em relação à expansão da economia brasileira. A previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi elevada de 4,64% para 4,70%. Para 2008, ela foi mantida em 4,40%.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu pela primeira vez que as turbulências que afetaram os mercados internacionais na última semana poderiam, na pior das hipóteses, afetar o crescimento da economia brasileira no próximo ano. O governo espera um crescimento de 5% para o ano que vem.

Também na semana passada, o presidente do BC, Henrique Meirelles, avaliou que o país não está imune de sofrer as conseqüências da crise que afeta o mercado financeiro. "Uma desaceleração mundial muito forte, caso ocorra, prejudicará o crescimentos de todos os países de maior importância na economia mundial. Não há dúvida que uma recessão muito forte nos EUA e uma contração da economia mundial afetaria o Brasil", afirmou Meirelles, para quem qualquer previsão ainda é prematura.

Em relação ao crescimento da produção industrial, a aposta dos analistas do mercado financeiro para este ano foi elevada de 4,89% para 4,96%.

A projeção para o superávit da balança comercial, que é o saldo positivo entre exportações e importações, foi mantida em US$ 42,7 bilhões. Os analistas mantiveram ainda a projeção sobre a cotação do dólar: R$ 1,90 em dezembro.

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