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Custo ainda limita expansão

A busca por redução de custos não é de hoje. Estudo elaborado por William Eid, professor da FGV, mostra que a taxa média de administração dos fundos caiu de 1,77% em 2009 para 1,28% neste ano. A mudança permitiu que os investidores tivessem acesso a R$ 3 bilhões a mais de rendimentos nos fundos abertos à captação este ano.

O problema é que os custos ainda são limitadores para parte dos pequenos investidores. Simulação do sistema Comdinheiro mostra que, no prazo de um ano, fundos com taxa de administração de 1,5% somente empatam com a poupança. Na média de preços do setor, fundos DI (com rendimento próximo ao da taxa Selic) com taxa de 1,55% exigem valor mínimo de aplicação de R$ 1 mil.

Em outra iniciativa, a An­bima apresentou ao governo estudo que prevê redução gradual do come-cotas, que representou em 2012 arrecadação de quase R$ 7 bilhões. A mudança seria compensada pelo aumento na base de investidores. No mês passado, o imposto corroeu quase um mês de ganhos de fundos de renda fixa e DI. "No fim das contas, isso (o come-cotas) virou uma jabuticabinha na indústria. Há boa vontade para dialogar e concordância com a necessidade de rever esse tema", disse Carlos Massaru Takahashi, da Anbima. Os fundos também foram afetados pela concorrência com aplicações isentas de Imposto de Renda, como as Letras de Crédito Agrícolas (LCA) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

A volta dos juros aos dois dígitos representou um alívio para os investidores da renda fixa, mas, após 20 meses de Selic abaixo de 10%, a indústria de fundos de investimento busca alternativas para se tornar mais competitiva. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mantém conversas com Ministério da Fazenda, Tesouro e Receita Federal para rever a cobrança do come-cotas, o recolhimento compulsório de Imposto de Renda que ocorre duas vezes por ano. Além disso, como contrapartida a uma redução na burocracia – em discussão com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – a Anbima propõe a criação de uma categoria de fundo de investimento popular para concorrer com a poupança.

INFOGRÁFICO: Fundos DI com investimento inicial abaixo de R$ 1 mil respondem pela maior fatia do patrimônio da categoria

Estatísticas da Anbima mostram queda de 0,8% na base de investidores em fundos entre 2011 e 2012. No mesmo período, houve aumento de 10,25% no total de pessoas que aplicam até R$ 500 na poupança.

A ideia é criar uma categoria de fundo de baixo custo, mais focada em canais de autoatendimento e internet. Com risco menor e gasto reduzido, a aplicação poderia oferecer condições mais atraentes para o pequeno investidor. O vice-presidente da Anbima, Carlos Massaru Takahashi, evitou citar o valor mínimo de aplicação, mas brincou: "Quem sabe R$ 1,99?".

Para corintianos

A oferta disponível atualmente para quem tem pouco a investir é limitada. Existem apenas 58 fundos DI e renda fixa abertos com mais de mil cotistas que aceitam aplicação inicial de R$ 500.

Alguns bancos já estão de olho neste público. A Caixa lançou produtos vendidos exclusivamente pela internet. A ideia é reduzir custos, com funcionários e papelada, afirma Édilo Ricardo Valadares, diretor executivo de clientes e estratégia de varejo. Patrocinador de times de futebol, o banco lançou um fundo para torcedores do Corinthians. "É um fundo com investimento de R$ 50, conservador. É uma forma de deixar as pessoas mais familiarizadas com esse tipo de investimento", disse.

O Bradesco também busca atuar nesse segmento e tem três fundos exclusivos de venda pela internet, dois deles com aplicação mínima de R$ 500. Mas para que o projeto de expansão de fundos de investimento populares ganhe corpo, a Anbima busca a aprovação da CVM para uma proposta de redução da burocracia. A documentação do setor inclui hoje regulamento, prospecto, lâmina de informações básicas, envio de extrato e convites para assembleias. Procurada, a CVM informou que a medida está em estudo. Para Massaru, há espaço para rever regras. "Transparência na informação não é quantidade, mas qualidade", disse.

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