Ao prever um forte crescimento da geração termelétrica, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal, basicamente projeta para a próxima década a continuidade do cenário observado no setor nos últimos anos. Nos leilões de venda de energia promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 75% da eletricidade foi comprada de usinas movidas a carvão, diesel e óleo combustível e menos de 15%, de projetos hidráulicos.
Autoridades do setor atribuem essa desproporção aos atrasos nas licenças ambientais de hidrelétricas, que as impedem de participar dos leilões, em oposição às térmicas, cujo licenciamento é mais rápido e simples. Em seu plano, a própria EPE afirma que, das 71 hidrelétricas previstas para funcionar até 2017, 26 podem sofrer atrasos por questões ambientais. Para compensar esse risco, a estatal apresenta alternativas que elevam para até 75 milhões de toneladas de CO2 as emissões das termelétricas, em vez dos 39 milhões do cenário-base.
Mais de uma vez, o ex-presidente da Aneel Jerson Kelman, que deixou o cargo há alguns dias, e o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, atribuíram a culpa da expansão das térmicas a ONGs, órgãos ambientais e à Justiça que, em nome de evitar os impactos das hidrelétricas, estariam favorecendo a tecnologia mais poluente. E, para explicar por que a opção mais "limpa", a energia eólica, não costuma ser levada em conta, Kelman argumenta que ela é cara e inconstante, uma vez que não venta o tempo todo, e é impossível armazenar o vento ao contrário do que ocorre com a água e os combustíveis fósseis. (FJ)
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