A pouco mais de dois meses para o Natal, a tentação de correr até o banco e antecipar o recebimento do 13º salário é grande. As propagandas invadem a TV, as taxas são atraentes e o comércio já deu a largada para as promoções, que ocupam os encartes dos jornais. Mas até que ponto vale a pena tomar um empréstimo e ainda pagar juros mensais?
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel Oliveira, a antecipação do 13º só é válida em um único caso: para quitar dívidas.
Segundo ele, a taxa média cobrada pelos bancos está em 3,5%, enquanto a de um cartão de crédito, por exemplo, gira em torno de 10% ao mês.
- Se o consumidor deve R$ 1 mil no cartão de crédito, com uma taxa média de 10% ao mês, terá que pagar R$ 1,210 mil em dois meses. Se quitar a dívida hoje, com os recursos da antecipação do 13º salário, considerando a taxa de 3,5%, ele vai pagar R$ 1.071,23. Ou seja, terá uma economia de 11,50% - calcula.
Isto acontece porque as linhas de crédito da antecipação do 13º salário representam um risco menor para o banco, uma vez que são descontatas direto da conta-salário. Por isso, contêm taxas que são mais baixas que as do crédito pessoal.
No Bradesco, por exemplo, as taxas prefixadas vinculadas ao 13º variam de 2,80% a 2,90% ao mês, enquanto as do crédito pessoal vão de 4,73% a 5,47%.
É importante salientar, no entanto, que algumas instituições financeiras cobram uma taxa para a abertura da linha de crédito que, no caso do Bradesco, é de R$ 40, que podem ser financiados e incluídos no valor da prestação.
No Itaú, a tarifa é de 5% do valor contratado, caso a antecipação seja acertada por meio dos caixas eletrônicos do banco ou pelo site da instituição na internet. Nas agências, a cobrança sobe para 6%. O valor do crédito oferecido vai de R$ 80 a R$ 5 mil, sendo que a tarifa e o IOF são financiados junto com o empréstimo.
A taxa mensal da linha de crédito é a partir de 2,5% e varia até um limite não divulgado pelo banco, que será estabelecido de acordo com o perfil do cliente. As taxas do crédito pessoal são bem mais altas, a partir de 3,10%.
Já o Banco Real antecipa valores entre R$ 200 e R$ 10 mil, com taxas mensais de de 3,29% a 3,89%. A tarifa de contratação varia de R$30 e R$ 50.
A linha do BB, por sua vez, antecipa até 70% do 13º salário. O limite mínimo do empréstimo é de R$ 100 e o máximo de R$ 5 mil, sendo que o banco cobra uma tarifa de abertura de crédito de 5% do valor solicitado, limitado ao mínimo de R$ 20 e ao máximo de R$ 150. O juro cobrado é de para 2,59%, contra taxas do crédito pessoal que variam a partir de 0,95% (para funcionários do INSS).
Na Caixa, as tarifas vão de 2,8% a 2,84% mensais, contra uma variação de 2,60% a 4,46% ao mês no crédito pessoal. Na instituição financeira, é possível antecipar valores entre R$ 190 e R$ 20 mil.
Oliveira, da Anefac, desaconselha a tomada de empréstimos a serem pagos com recursos do 13º salário nos bancos para a antecipação de compra ou para aplicação em outros investimentos.
- É preciso lembrar que os preços costumam baixar mais para perto das datas festivas e que no início do outro ano há despesas como pagamento de IPVA, matrícula escolar, entre outras. Quem gastar o dinheiro agora deve estar ciente de que não terá recursos para usar lá na frente - alerta.
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