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Banqueiros e autoridades andam dizendo que o crédito praticamente voltou ao normal. É verdade, desde que o comprador esteja disposto a pagar juros ainda próximos de 2% ao mês e tenha um histórico absolutamente impecável, carteira assinada, renda de pelo menos quatro vezes o valor da parcela e até comprovante de residência e telefone fixo em seu nome. É isso que os bancos e financeiras – que em dois anos de "boom" automotivo exibiam uma generosidade próxima da complacência – querem dizer quando afirmam ter ficado "mais seletivos".

"Hoje, os bancos aprovam sete de cada dez pedidos de financiamento. Antes, eram dez de dez", conta Aislan Vinicius do Amaral, da Holanda Veículos. Rubens Cancela da Cruz, proprietário da Auto América Veículos, que fica no Rebouças, faz uma conta diferente. "Antes, eram aprovados oito de cada dez pedidos. Agora, dois." Segundo ele, os juros recuaram, sim. Na média, estão em 2,1%, menos do que os 2,7% cobrados poucos meses atrás – mas bem acima do cobrado no "pré-crise". Mas quem pode pagar tudo isso não consegue, necessariamente, financiar seu carro.

"Uma consumidora com renda de mais de cinco vezes o valor da parcela, funcionária concursada do governo, com estabilidade de emprego, ia dar entrada de 40% e financiar o restante. Mas houve um protesto contra ela uns três meses atrás, pago no ato. E isso serviu para o banco recusar o cadastro. Antes da crise, banco algum recusaria, e ainda financiaria 100% sem problemas", diz Cruz. Ele conta que outro problema incontornável tem sido a comprovação de que o comprador tem telefone fixo em seu nome. "Estamos em 2009. Muitos de meus clientes nem têm mais telefone fixo, usam só celular. E não há banco que aprove financiamento para eles. Isso nunca era exigido."

Mauro Marcos Golemba, dono da revendedora Marsil, exibe o documento de recusa de crédito enviado por um banco, que negou financiamento a uma cliente que, três anos atrás, havia parcelado a compra de um veículo na mesma loja. Segundo o banco, ela não comprovou renda em carteira assinada e não tem telefone fixo em seu nome – a linha pertence à irmã. "Ela é autônoma, e presta serviço a cinco empresas. Três anos atrás, bastou apresentar declarações dessas empresas para o financiamento sair. Agora, já não adianta", conta Golemba. (FJ)

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