• Carregando...

Em seu livro Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho (Editora Rocco, R$ 42), o escritor e filósofo Alain de Botton sintetizou a importância que o trabalho tomou para a vida das pessoas na sociedade atual. "A escolha de nossas profissões carrega a definição de nossa identidade, chegando ao ponto de não perguntarmos a novos conhecidos de onde eles vêm ou quem são seus pais, mas o que eles fazem, na suposição de que o caminho para uma existência significativa deve sempre passar pelos portões de um emprego remunerado", escreveu ele.

Não é sem motivo, portanto, que os profissionais se perguntem constantemente se estão ou no emprego certo. A tarefa de avaliar o momento de pedir demissão, porém, não é fácil, pois envolve um custo emocional alto – o temor de estar tomando a decisão errada. Analistas consultados pela Gazeta do Povo deram algumas dicas de como saber se é hora de buscar novas oportunidades de trabalho.

As causas da insatisfação profissional costumam seguir um roteiro comum: falta de reconhecimento, salário abaixo da média do mercado, pouca flexibilidade de horário, rotina enfadonha, empresa com pouca perspectiva de crescimento e problemas de relacionamento com o gestor estão entre os principais motivos de pedidos de desligamento. Mas os especialistas alertam que nem todos esses problemas vão necessariamente se resolver somente com uma troca de emprego.

A primeira tarefa sugerida é fazer uma análise autocrítica da carreira até o momento. "Existe uma armadilha quando você está num mercado muito aquecido, porque há um desejo de mudança muito grande", afirma Simone Turra, headhunter da 4Search, uma consultoria de recursos humanos. "Não é porque um profissional ficou três anos numa empresa que é hora de ir embora. O que é preciso avaliar é se houve um movimento de crescimento nesse período dentro da empresa", diz.

Carlos Contar, da Business Partners Consulting, concorda. Ele diz que os ciclos profissionais encurtaram, mas isso não é razão para trocar de empresa. "Antes, a estabilidade por um longo período era uma virtude. Quem ficava até dez anos numa mesma organização era bem visto. Hoje, um ciclo de quatro anos é tido como positivo", afirma. Mas ressalta: "Isso não quer dizer que é preciso mudar só por mudar. A questão é ver se houve reconhecimento, se a pessoa cresceu dentro da empresa. Isso é o fundamental."

Para Mariciane Gemin, sócia-gerente da filial de Curitiba da Asap, empresa de recrutamento e seleção especializada em média gerência, o planejamento da carreira é essencial. "Há muitos profissionais que só fazem a administração e a gestão da carreira, mas não planejam no médio e longo prazo aquilo que gostariam de conquistar. A primeira coisa a fazer é ver se a mudança pretendida está de acordo com o que o profissional pretende para os próximos anos", diz.

Informação

Outro fator importante é buscar informações sobre a nova empresa. "O novo é sempre atraente", diz Carlos Contar. "Por isso, é importante conhecer bem a nova proposta, para não tomar uma decisão equivocada. Quem é a empresa, o que as pessoas que trabalham lá pensam sobre a companhia, quais são os valores dela e como é o mercado em que ela está inserida são perguntas que devem ser respondidas antes de uma decisão."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]