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Em cima, uma mulher agita seu cabelo. Em baixo, o computador recria o movimento | Reprodução - G1
Em cima, uma mulher agita seu cabelo. Em baixo, o computador recria o movimento| Foto: Reprodução - G1

As companhias rodoviárias, também chamadas de autoviações, lançam mão de ferramentas de marketing típicas do setor aéreo para segurar aqueles clientes que, no final do ano passado, optaram pela estrada para fugir da crise nos aeroportos. Em algumas empresas, a alta no movimento em dezembro último foi de 10%. Para fidelizar estes passageiros e reagir à perda de clientes que afeta o negócio de transporte terrestre desde o início da década, as empresas estão criando programas de milhagem, salas VIP, novas formas de pagamento e querem fazer promoções semelhantes às das aéreas.

O grupo Itapemirim, que comprou a viação curitibana Penha em 1973, oferece uma viagem grátis a cada dez. A paranaense Expresso Maringá, da família Constantino, também está adotando o programa.

Muito usado no setor aéreo, o hábito de distribuir revistas direcionadas ao cliente foi adotado pela Itapemirim. A publicação institucional "Na poltrona" existe há sete anos, mas agora vem acompanhada de outras revistas e jornais, em parceria com editoras. Quem sai de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, por exemplo, recebe a revista "Caras".

O grupo JCA, do qual fazem parte as viações Catarinense, 1001 e Cometa, criou as "salas de conexão", onde os passageiros podem assistir TV confortavelmente enquanto aguardam a chegada do ônibus.

Era lá que estava o advogado Lúcio Garcia Jr. na última sexta-feira, antes de embarcar para Santos (SP). Para ele, o conforto oferecido pelas empresas de ônibus é suficiente. "Às vezes viajo de avião, mas quando posso vou de ônibus", conta, sem esconder que sofre com o medo de voar.

A exemplo das maiores viações do país, a londrinense Garcia estuda o perfil de seus clientes por meio do cadastro exigido para a compra on-line – sistema que implantou no ano passado. "Com as informações estamos criando nosso programa de fidelização", explica o diretor José Paulo Garcia. As promoções são outra frente em que a Garcia trabalha. Por determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as viações rodoviárias não podem praticar preços diferentes para algumas poltronas, como fazem as aéreas. A pressão da Viação Garcia e do setor em geral levou a uma nova determinação, que deve ser publicada ainda neste semestre, autorizando a diferença de preços.

Fora do ambiente de vendas virtual, as transformações por que passam as companhias também procuram aumentar o contato com os clientes. Os vidros dos balcões de venda de passagem da Itapemirim foram retirados, porque, de acordo com a empresa, eles representavam uma barreira.

A Empresa União Cascavel de Transportes e Turismo (Eucatur) investe numa qualidade que o transporte aéreo não consegue oferecer há meses: a pontualidade. Para o gerente João Gurgacz, essa foi uma das vantagens que permitiu à viação elevar em 6% o índice que conjuga passageiros transportados e quilômetros rodados no fim do ano passado. Na contramão das colegas, a empresa encerrou no ano passado a promoção pela qual o cliente compra 10 passagens e faz 11 viagens. "Saía caro", conta.

A Caprioli, cuja frota passa por 15 municípios do interior de São Paulo, leva uma vantagem sem fazer esforço: algumas das cidades atendidas por ela não possuem aeroporto. A empresa também investe no treinamento do pessoal, que recebe cursos de primeiros socorros.

A Itapemirim destaca ainda a renovação constante de sua frota, o que é comprovado por José Antônio Fernandes Martins, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), que reúne nove fabricantes de carrocerias. Ele conta que, no ano passado, os empresários do setor de transporte rodoviário compraram 7,6% mais carrocerias do que em 2005 – embalados pela crise do setor aéreo e pelo aumento do prazo de pagamento do programa de financiamento do setor. "Devemos crescer daí para mais em 2007", conta.

Outro investimento pesado, segundo ele, é em tecnologia e conforto. "As poltronas de ônibus interestadual no Brasil, que na versão leito reclinam em quase 180 graus, são as melhores do mundo, por conta das longas distâncias." As empresas também estão preferindo veículos com banheiro mais moderno, sistema elétrico computadorizado e luzes individuais.

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