• Carregando...

O consórcio NV Participações, que representa a associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), foi o único dos cinco grupos cadastrados para o leilão de venda da empresa nesta quinta-feira a apresentar uma oferta pela companhia. A proposta foi de R$ 1,010 bilhão (correspondente a cerca de US$ 449 milhões) pela Varig Operacional, que inclui as operações domésticas e internacionais da empresa aérea.

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, que conduz o processo de recuperação judicial da Varig, tem 24 horas para decidir se aceita a proposta. Segundo ele, se a avaliação for negativa, não está descartada a possibilidade de falência. No entanto, o juiz diz estar otimista e pondera que, mesmo que a lei preveja a decretação da falência devido a um eventual fracasso do leilão, caberá a ele interpretá-la. Ayoub afirma que a empresa poderia continuar operando mesmo com a recusa da oferta da NV Participações.

O resultado do leilão foi muito mal recebido pelo mercado. As ações da Varig caíram quase 60% na Bolsa de São Paulo. O valor do lance feito pela NV ficou 48% abaixo do preço mínimo, e há muitas dúvidas de onde o grupo vai tirar o bilhão de reais para ficar com a empresa. Representantes do grupo NV Participações disseram que não comentarão a origem da empresa ou do dinheiro oferecido para a compra da Varig.

Já o presidente da Associação de Mecânicos de Vôo da Varig (AMVVAR), que integra a TGV, Oscar Bürgel, disse que a NV Participações tem três investidores estrangeiros que darão a garantia do aporte financeiro necessário. Bürgel não quis, no entanto, informar o nome desses investidores, limitando-se a afirmar que pode ser um banco, uma empresa aérea ou um fundo.

- Estes investidores nos deram garantias de aporte e tenho certeza de que vão confirmar no prazo de 24 horas o que nos prometeram. Agora, vai depender de tempo para reunião deste conselho. Afinal, o dinheiro não está debaixo do colchão - disse Bürgel, afirmando que a NV não está contando com o dinheiro do BNDES para a transação financeira - disse Bürgel.

Fontes ligadas às negociações informaram que TAM, Gol, OceanAir e o fundo americano Brooksfield também se cadastraram para o leilão - realizado no hangar da Varig no aeroporto Santos Dumont - mas não apresentaram ofertas nem na primeira etapa (que tinha preço mínimo de US$ 860 milhões para a Varig inteira ou de US$ 700 milhões só para a parte doméstica) nem na segunda fase, que previa lances livres.

O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, disse que não houve tempo suficiente para avaliar a possibilidade de compra da companhia. Ele afirmou que, caso o juiz não aprove a oferta da NV Participações, a OceanAir poderá fazer uma proposta.

- Já reiteramos várias vezes o interesse da OceanAir na Varig. O ponto chave foi o tempo. Sem dúvida vamos estruturar uma nova proposta - afirmou Ebner.

Logo após, no entanto, o juiz Ayoub garantiu que não haverá novo leilão.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que não ficou decepcionado com o resultado do leilão.

- Caberá ao juiz avaliar. Vamos aguardar a decisão. Não estou decepcionado. O juiz é que vai avaliar se a proposta é viável ou nao. É na continuidade dos serviços da Varig que o juiz vai se basear - comentou Zuanazzi.

O presidente da Anac não quis comentar sobre a possibilidade de um plano de contingência, caso não haja sucesso na venda da companhia.

- Não vamos falar de contingência, de incêndio, se o leilão ainda não terminou.

Perguntado sobre o que acontecerá, no caso de falência, com os clientes que já têm passagens compradas ou milhas acumuladas no sistema de fidelidade Smiles, o juiz Ayoub afirmou que a Anac "já tomou todas as providências para garantir que todos os usuários tenham assento garantido":

- Falo isso apenas por um dever de lealdade, pois não quero chegar ao ponto de isso acontecer - finalizou o juiz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]