Rio de Janeiro A economia brasileira mudou sua forma de crescer no primeiro trimestre do ano. Pela primeira vez desde 2003, o mercado interno foi o único responsável pela expansão. O setor externo, antiga mola do crescimento, desempenhou papel negativo no período.
Aliado à elevação de 0,5% do consumo privado e de 1% do consumo do governo, o aumento de 3,7% dos investimentos fez com que a economia brasileira crescesse 1,4% no primeiro trimestre o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2004.
No período, as exportações aumentaram em 3,9%, enquanto a expansão das importações atingiu nada menos do que 11,6%, comparando com o trimestre anterior. Com o desempenho superior das importações, o setor externo teve contribuição negativa para o Produto Interno Bruto (PIB). "Durante os últimos trimestres, a contribuição do setor doméstico para o PIB vinha aumentando, mas ele nunca havia sido o único fator a contribuir para o crescimento, já que o setor externo estava ajudando no resultado geral, diz a economista Emy Shayo, da Bear Stearns.
O setor externo tornou-se importante porque, à medida que o mercado interno minguava frente aos juros altos e ao baixo crescimento, mais e mais empresas nacionais buscavam saída nas exportações. A estratégia foi ainda mais beneficiada pela desvalorização do câmbio em 1999.
Entre 2001 e 2003 a área externa respondeu por quase todo o crescimento da economia. O mercado interno só passou a se recuperar em 2004, ainda assim ajudado pelas exportações. O perfil agora mudou. Parte importante do crescimento deste ano, diz Rebeca Palis, do IBGE, é explicado pela menor taxa de juros e pelos aumentos da renda média dos trabalhadores e do volume de crédito.
A alta dos investimentos contribuiu para a alta das importações. Tendência positiva, diz Solange Srour, economista-chefe da MellonGlobal Investments no Brasil. Entre as importações que mais cresceram estão as de bens de capital (máquinas e equipamentos) que servem para aprimorar a capacidade produtiva das empresas.
Pelo lado da oferta, o destaque ficou com a indústria, que cresceu 1,7% em relação ao trimestre anterior e 5% em relação ao mesmo trimestre de 2005.
Futuro
Analistas de consultorias econômicas e do setor financeiro projetam que o PIB deve continuar crescendo entre 0,9% e 1,7% no segundo trimestre na comparação com o primeiro. As projeções são feitas com base em indicadores antecedentes da produção industrial de abril e de indicadores macroeconômicos para o médio prazo, como comportamento da taxa de juros, da renda, do consumo das famílias, dos investimentos produtivos e da confiança do consumidor.
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