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Pichação contra Macri, em Buenos Aires: novo governo recolocou a Argentina no mercado internacional de títulos. | EITAN ABRAMOVICH/AFP
Pichação contra Macri, em Buenos Aires: novo governo recolocou a Argentina no mercado internacional de títulos.| Foto: EITAN ABRAMOVICH/AFP

O ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay, estava otimista e tudo parece indicar que seu otimismo tinha fundamentos. Poucos horas depois de iniciada a primeira emissão de bônus argentinos nos mercados internacionais, 16 anos após o país ter declarado o calote de sua dívida pública, as ofertas recebidas, segundo informações que circulam no mercado, superariam amplamente os US$ 15 bilhões que o governo Mauricio Macri pretende captar para saldar os acordos selados com os holdouts, os credores que não participaram das operações de reestruturação realizadas em 2005 e 2010 e foram favorecidos pela Justiça americana.

“Haverá muito interesse”, dissera Prat Gay, semana passada. De acordo com fontes do mercado, até o começo da tarde desta segunda-feira, a demanda pelos papéis emitidos pela Argentina ultrapassou US$ 50 bilhões. Será a maior operação já realizada por um país emergente, nos últimos 20 anos.

“Uma demanda tão expressiva permitirá ao governo conseguir taxas de juros mais baixas do que as que se esperavam”, comentou uma fonte de um banco estrangeiro.

Os acordos selados pelo governo Macri com os holdouts favorecidos pelo juiz de Nova York, Thomas Griesa, alcançam em torno de US$ 8 bilhões. Restam, ainda, outros holdouts que poderiam aderir à proposta feita pela Argentina — que prevê redução em torno de 25% do valor demandado — nos próximos meses. Esta seria a única emissão de papéis argentinos de 2016 e, por isso, a Casa Rosada quer obter recursos suficientes para cobrir todas as necessidades de financiamento do país este ano.

O governo Macri emitiu quatro bônus, com vencimento em três, cinco, 10 e 30 anos. Segundo informações que se comentavam ontem no mercado local, a expectativa era de que os papéis saíssem com juros de 6,5%, 7,25%, 7,75% e 8,60%, dependendo das características de cada título. Se os números estiverem corretos, será uma operação de sucesso para a Argentina, levando em consideração que em março passado o governo da província de Buenos Aires pagou juros de 9,40%.

Os coordenadores globais da operação são o Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan e Santander. Para o governo Macri, pôr fim ao calote da dívida argentina é essencial para começar a tirar o país da recessão na qual mergulhou no ano passado. Prat Gay admitiu recentemente que este ano o país terá crescimento zero, mas afirmou que a projeção para 2017 é entre 3,5% e 4%.

O governo também precisa começar a mostrar resultados no combate à inflação que, somente nos primeiros quatro meses deste ano, atingiu cerca de 12%.

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