Mercados reagem bem e bancos disparam
O plano aprovado na madrugada de ontem animou as bolsas de valores, que tiveram expressivas altas. As ações do setor bancário conseguiram grandes ganhos apesar de os credores privados da Grécia precisarem suportar um corte de 50% no valor de face dos títulos, os bancos europeus serão recapitalizados para aguentar eventuais novos solavancos na região. O francês Société Générale avançou quase 23%, o alemão Commerzbank saltou 16,5%, o espanhol Santander ganhou 7,5% e o britânico Barclays subiu 17,6%.
O plano
Confira os três principais itens do acordo fechado na madrugada de ontem
Grécia
Foi aprovado um segundo pacote de resgate à Grécia, que estará dotado de 130 bilhões de euros e será acompanhado pelo perdão de 50% da dívida contraída junto a bancos privados. Esse perdão permitirá à Grécia reduzir em 100 bilhões de euros sua dívida e diminuir seu déficit público a 120% do PIB até 2012 atualmente ele chega a 145%.
Fundo de resgate
O Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), instrumento dotado de 440 bilhões de euros, mas que até agora demonstrou pouca efetividade para solucionar a crise, será ampliado em quatro ou cinco vezes, podendo superar 1 trilhão de euros. O novo fundo de resgate terá capacidade de assegurar uma parte dos leilões de títulos de países periféricos, com o que multiplicará sua capacidade de atuação. Além disso, poderá abrir-se a capital externo de países emergentes como a China.
Bancos
A recapitalização dos bancos europeus tem o objetivo de formar "costas mais largas" a fim de suportar o impacto da crise grega sem perigo de desmoronar. A União Europeia obrigará os 70 maiores bancos europeus a alcançarem antes de julho de 2012 um capital de máxima qualidade ("core capital") de 9%, o que os obrigará a obter recursos de 106 bilhões de euros. Depois da parte que caberá aos bancos gregos, o pior cenário ficará a cargo dos cinco grandes bancos espanhóis Santander, BBVA, Popular, Caixabank e Bankia , com necessidade de capitalização de 26 bilhões de euros. O acordo, porém, é vago sobre como as instituições vão conseguir essa capitalização.
Depois de evitar "uma catástrofe que atingiria o mundo inteiro", nas palavras do presidente francês, Nicolas Sarkozy, as economias da zona do euro que costuraram na madrugada de ontem um plano para reestruturar a dívida grega e reforçar os mecanismos de socorro a países em dificuldade se voltam para a China em busca de ajuda. O país é considerado o principal candidato a colaborar com a expansão do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), que passaria de 440 bilhões de euros para mais de 1 trilhão de euros, mas já avisou que deve impor condições.
Os detalhes sobre a planejada ampliação da EFSF ainda são vagos, mas as linhas gerais indicam que a capacidade de empréstimo do fundo será elevada por meio de duas opções. Uma é assegurar parcialmente a nova dívida emitida por países debilitados da zona do euro, e a outra é criar um veículo de investimento que permitirá que investidores privados e países ricos como a China apliquem recursos na linha de compra de bônus da EFSF.
Reservas
Líderes europeus defenderam a ajuda chinesa. O ministro de Finanças da Bélgica, Didier Reynders, afirmou ontem que a China precisa mobilizar suas reservas externas para ajudar a estabilizar a situação financeira na Europa, lembrando que o país tem recursos "colossais". "Pedir que alguns países mobilizem suas reservas para ajudar aqueles que têm déficits é uma coisa boa, desde que aqueles com déficit também façam um esforço", comentou em uma entrevista para a rádio RTBF.
"É coerente que países com superávits maiores façam uma contribuição também para a estabilidade financeira global porque eles estão se beneficiando" disso, declarou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, em entrevista à TV France 24. Barroso rejeitou, no entanto, afirmações de que a Europa está recorrendo a fundos de outros países porque não pode suprir suas próprias necessidades sozinha. "Nós não estamos implorando a ninguém por dinheiro", disse.
Na manhã de ontem, Sarkozy conversou por telefone com o presidente da China, Hu Jintao, para informá-lo sobre o pacote de resgate da zona do euro fechado de madrugada em Bruxelas, na Bélgica. Além disso, o executivo-chefe do EFSF, Klaus Regling, viaja hoje para a China e depois seguirá para outros países asiáticos, segundo fontes.
Condições
O escopo do provável envolvimento da China no plano de ajuda financeira à zona do euro dependerá de a Europa satisfazer determinadas condições, disseram dois assessores seniores do governo chinês ao jornal britânico Financial Times. A China vai primeiro olhar no que consistiriam as contribuições de outros países, disseram Li Daokui, membro acadêmico do comitê de política monetária do banco central chinês, e Yu Yongding, ex-membro do mesmo comitê, segundo o FT. Li acrescentou que a China pode também pedir que a Europa pare de criticar a política de câmbio do governo chinês. A China já havia indicado anteriormente que pediria contrapartidas para ajudar a Europa.
-
“PL da soberania nacional”: deputados querem limitar investimentos estrangeiros em ONGs no Brasil
-
Quatro semelhanças da censura do STF com a da ditadura militar
-
Gustavo Franco: “Banco Central está fazendo tudo direitinho e espero que continue”
-
Dragagem de rio é insuficiente para evitar enchentes no Vale do Itajaí, alerta especialista
Gustavo Franco: “Banco Central está fazendo tudo direitinho e espero que continue”
Brasil prepara contra-ataque às imposições ambientais unilaterais da Europa
Maior parte dos recursos anunciados por Dilma ao RS foi negociada no governo Bolsonaro
Corpus Christi é feriado apenas em algumas cidades; veja a lista
Deixe sua opinião