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“Foi um erro a entrada da Grécia na zona do euro porque ela entrou com dados econômicos falsos, não estava preparada.” Nicolas Sarkozy, presidente da França, em entrevista a uma rede de televisão para explicar o plano aprovado ontem. No entanto, ele ressaltou que confia na capacidade grega de cumprir com suas obrigações | HolgerBennewitz/Reuters
“Foi um erro a entrada da Grécia na zona do euro porque ela entrou com dados econômicos falsos, não estava preparada.” Nicolas Sarkozy, presidente da França, em entrevista a uma rede de televisão para explicar o plano aprovado ontem. No entanto, ele ressaltou que confia na capacidade grega de cumprir com suas obrigações| Foto: HolgerBennewitz/Reuters

Mercados reagem bem e bancos disparam

O plano aprovado na madrugada de ontem animou as bolsas de valores, que tiveram expressivas altas. As ações do setor bancário conseguiram grandes ganhos – apesar de os credores privados da Grécia precisarem suportar um corte de 50% no valor de face dos títulos, os bancos europeus serão recapitalizados para aguentar eventuais novos solavancos na região. O francês Société Géné­rale avançou quase 23%, o alemão Commerzbank saltou 16,5%, o espanhol Santander ganhou 7,5% e o britânico Bar­clays subiu 17,6%.

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O plano

Confira os três principais itens do acordo fechado na madrugada de ontem

Grécia

Foi aprovado um segundo pacote de resgate à Grécia, que estará dotado de 130 bilhões de euros e será acompanhado pelo perdão de 50% da dívida contraída junto a bancos privados. Esse perdão permitirá à Grécia reduzir em 100 bilhões de euros sua dívida e diminuir seu déficit público a 120% do PIB até 2012 – atualmente ele chega a 145%.

Fundo de resgate

O Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), instrumento dotado de 440 bilhões de euros, mas que até agora demonstrou pouca efetividade para solucionar a crise, será ampliado em quatro ou cinco vezes, podendo superar 1 trilhão de euros. O novo fundo de resgate terá capacidade de assegurar uma parte dos leilões de títulos de países periféricos, com o que multiplicará sua capacidade de atuação. Além disso, poderá abrir-se a capital externo de países emergentes como a China.

Bancos

A recapitalização dos bancos europeus tem o objetivo de formar "costas mais largas" a fim de suportar o impacto da crise grega sem perigo de desmoronar. A União Europeia obrigará os 70 maiores bancos europeus a alcançarem antes de julho de 2012 um capital de máxima qualidade ("core capital") de 9%, o que os obrigará a obter recursos de 106 bilhões de euros. Depois da parte que caberá aos bancos gregos, o pior cenário ficará a cargo dos cinco grandes bancos espanhóis – Santander, BBVA, Popular, Caixabank e Bankia –, com necessidade de capitalização de 26 bilhões de euros. O acordo, porém, é vago sobre como as instituições vão conseguir essa capitalização.

Depois de evitar "uma catástrofe que atingiria o mundo inteiro", nas palavras do presidente francês, Nicolas Sarkozy, as economias da zona do euro – que costuraram na madrugada de ontem um plano para reestruturar a dívida grega e reforçar os mecanismos de socorro a países em dificuldade – se voltam para a China em busca de ajuda. O país é considerado o principal candidato a colaborar com a ex­­­pansão do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), que passaria de 440 bilhões de euros para mais de 1 trilhão de euros, mas já avisou que deve impor condições.

Os detalhes sobre a planejada ampliação da EFSF ainda são vagos, mas as linhas gerais indicam que a capacidade de empréstimo do fundo será elevada por meio de duas opções. Uma é assegurar parcialmente a nova dívida emitida por países debilitados da zona do euro, e a outra é criar um veículo de investimento que permitirá que investidores privados e países ricos – como a China – apliquem recursos na linha de compra de bônus da EFSF.

Reservas

Líderes europeus defenderam a ajuda chinesa. O ministro de Finanças da Bélgica, Didier Reyn­ders, afirmou ontem que a China pre­­cisa mobilizar suas reservas externas para ajudar a estabilizar a situação financeira na Europa, lembrando que o país tem recursos "colossais". "Pedir que alguns países mobilizem suas reservas para ajudar aqueles que têm déficits é uma coisa boa, desde que aqueles com déficit também façam um esforço", comentou em uma entrevista para a rádio RTBF.

"É coerente que países com superávits maiores façam uma contribuição também para a estabilidade financeira global porque eles estão se beneficiando" disso, declarou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, em entrevista à TV France 24. Barroso rejeitou, no entanto, afirmações de que a Europa está recorrendo a fundos de outros países porque não pode suprir suas próprias necessidades sozinha. "Nós não estamos implorando a ninguém por dinheiro", disse.

Na manhã de ontem, Sarkozy conversou por telefone com o presidente da China, Hu Jintao, para informá-lo sobre o pacote de resgate da zona do euro fechado de madrugada em Bruxelas, na Bélgica. Além disso, o executivo-chefe do EFSF, Klaus Regling, viaja hoje para a China e depois seguirá para outros países asiáticos, segundo fontes.

Condições

O escopo do provável envolvimento da China no plano de ajuda financeira à zona do euro dependerá de a Europa satisfazer determinadas condições, disseram dois assessores seniores do governo chinês ao jornal britânico Financial Times. A China vai primeiro olhar no que consistiriam as contribuições de outros países, disseram Li Daokui, membro acadêmico do comitê de política monetária do banco central chinês, e Yu Yongding, ex-membro do mesmo comitê, segundo o FT. Li acrescentou que a China pode também pedir que a Europa pare de criticar a política de câmbio do governo chinês. A China já havia indicado anteriormente que pediria contrapartidas para ajudar a Europa.

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