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Geada comprometeu 85% das lavouras do Norte e Noroeste

A geada de julho comprometeu 85% das lavouras de café do Norte e Noroeste do estado, responsáveis por cerca de 80% da produção cafeeira do estado. Em alguns municípios, como Mandaguari e Maringá, no Noroeste, Apucarana, São Jerônimo da Serra, Jesuítas e Congoinhas, no Norte, a perda nas lavouras chegaram a quase 90%.

"A geada pegou as plantas com tecido novo. Por isso, será necessária a poda ou erradicação dos pés", explica Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp). Rodrigues prevê que, assim, a renda do produtor está comprometida por até três anos. O produtor Ronaldo Rosseto, de Mandaguari, por exemplo, terá que derrubar 50 mil de um total de 350 mil pés para replantio por conta da geada.

Além disso, Paulo Franzini, técnico responsável pela área de café do Deral afirma que por conta da última geada, as aéreas cafeeiras da região devem diminuir em, pelo menos, 20% na próxima safra. "Essa é uma estimativa inicial. Só vamos ter certeza dessa diminuição com o final da colheita, em setembro. Mas acreditamos que a perda da aérea de plantio possa ser ainda maior." Somente na região Noroeste, dos 2,7 mil hectares, ao menos 300 hectares devem desaparecer até o próximo ano.

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Os cafeicultores paranaenses devem receber, em breve, auxílio dos governos federal e estadual. A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) anunciou terça-feira (27) que está discutindo estratégias para socorrer os produtores afetados pelas fortes geadas ocorridas em julho.

De acordo com a Seab, haverá redução de pelo menos dois terços do potencial de produção de café na safra 2013/14. A questão foi debatida na segunda-feira (26) durante reunião envolvendo representantes de entidades paranaenses e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Na ocasião, o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, defendeu o apoio dos governos federal e estadual à incorporação de tecnologia, com ênfase na mecanização da colheita na pequena propriedade, proposta que foi encaminhada pela Câmara Setorial do Café.

"Acredito que a manutenção da cafeicultura no Paraná só vai ocorrer se o produtor conseguir acessar tecnologia e para isso ele precisa de linha de crédito mais barata", avaliou Ortigara, em entrevista para a Agência Estadual de Notícias (AEN).

Entre as propostas abordadas, também foram discutidas a prorrogação de dívidas, liberação de crédito para capital de giro e a necessidade de adaptação das normas do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf). De acordo com o secretário nacional da Agricultura Familiar, Valter Bianchini, a extensão do Seaf por um período maior não exige grandes alterações na legislação atual, contudo, é necessário que seja apreciado e votado pelo Conselho Monetário Nacional.

Outra sugestão discutida foi a apresentação de um pacote com embasamento técnico e apoio financeiro para que o produtor não reduza a área plantada com café. Para o presidente da Emater, Rubens Niederheitmann, uma das medidas que poderiam ser inseridas seria a avaliação do Iapar para as regiões onde o cultivo da cultura de café pode sofrer menos com as ocorrências climáticas, a necessidade de manejo de solos e até a irrigação.

Agricultores esperam que medidas não fiquem apenas "na conversa"

Enquanto estratégias são discutidas, os cafeicultores esperam por medidas práticas. É o caso do produtor Edson Lopes, de Mandaguari, que estima ter perdido cerca de 90% da produção. "Existe muito barulho, muita conversa, mas quero ver alguma coisa sair. O preço do café vale a metade do preço de cinco anos atrás. Além disso, é preciso dar financiamento a longo prazo, senão os produtores não terão condições de se recuperar", explicou.

Em entrevista concedida no mês passado, o responsável técnico pela aérea de café do Departamento de Economia Rural (Deral), Paulo Franzini, defendeu que, para que o produtor permaneça no setor cafeeiro e conquiste uma margem de lucro, é imprescindível que haja a mecanização da produção. "Fazemos estudos há mais de cinco anos em parceria com o Iapar [Instituto Agronômico do Paraná] e Câmara Estadual de Comércio e não tem jeito: ou entra máquina ou o negócio se torna insustentável."

Mesmo com o futuro desalentador, o presidente da comissão técnica de cafeicultura da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Walter Ferreira Lima, disse acreditar que o momento pode ser utilizado para uma virada da cultura no estado. "É hora de fazer a renovação da cultura e entrar na mecanização. Mas para isso é preciso recursos disponíveis", destaca.

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