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Rio de Janeiro – O leilão judicial da Varig, que ocorreu ontem no Rio de Janeiro, frustrou expectativas e agora o futuro da companhia está nas mãos da Justiça. A NV Participações, empresa formada pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) – que reúne pilotos, comissários e mecânicos –, fez a única oferta para comprar a Varig Operações (linhas nacionais e internacionais). A proposta de R$ 1,010 bilhão (US$ 449 milhões), quase metade do preço mínimo exigido, e com recursos de origem incerta, vai depender da aprovação do juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo caso Varig, que pediu 24 horas para decidir. O prazo termina no final do dia de hoje. A rejeição da proposta pode levar à falência da companhia.

As empresas TAM, Gol, OceanAir e Céu Azul (representado pelo escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra) – que haviam se credenciado e tiveram acesso aos dados financeiros da Varig – não fizeram oferta alguma.

O resultado do leilão foi recebido com desconfiança em Brasília, principalmente pela falta de informações sobre a origem do dinheiro para comprar a companhia. Nos bastidores da Esplanada dos Ministérios, o comentário era de que a tendência é a empresa ir à falência, mais cedo ou mais tarde. A reação mostra que o governo não pretende fazer mais nada em relação à Varig.

Ações despencam

Diante da má repercussão da proposta, as ações da companhia despencaram 58%, encerrando o dia cotadas a R$ 1,51. As ações das concorrentes Gol e TAM subiram 4,92% e 7%, respectivamente. O juiz Ayoub descartou a possibilidade de um novo leilão. Mas deixou no ar qual será sua atitude caso a proposta seja rejeitada – se decretará ou não a falência, como previsto na lei.

"O que diz a lei é uma coisa. A interpretação da lei é outra coisa e eu tenho que analisar o caso concreto", disse Ayoub. "Pela lei, seria a falência. Mas não posso dizer o que farei. Tudo depende do que eu interpretar. Se for viável para a manutenção da empresa, eu acatarei."

A proposta da TGV, que conta com a assessoria do consultor Paulo Rabello de Castro, é de R$ 1,010 bilhão, mas apenas R$ 285 milhões seriam em dinheiro vivo. E, mesmo assim, não ficou claro de onde sairia esse investimento, pois a NV Participações não dispõe do valor. Outros R$ 500 milhões seriam arrecadados com a emissão de debêntures (títulos de dívida) lastreadas na expectativa de lucros da companhia.

Por fim, a proposta prevê mais R$ 225 milhões, que viriam de créditos que os trabalhadores têm a receber da empresa. O diretor da TGV, Oscar Bürgel, garante que os R$ 285 milhões já estariam no Brasil e viriam de três investidores estrangeiros cujo nome ele não revela. "Cartas de garantias dos três investidores foram anexadas à proposta", afirmou.

Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, a conversão dos créditos dos trabalhadores depende da autorização de cada um. "Esperamos que o juiz Ayoub exija todas as garantias necessárias", disse Graziella, que é inimiga política do TGV.

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse ter ficado "contente" de ter aparecido alguma proposta. "Não posso partir da premissa absurda de que a proposta não é séria."

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