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Um dia após o anúncio das primeiras medidas do governo Dilma Rousseff com foco no câmbio doméstico, as taxas voltaram a ceder ainda que modestamente, na rodada de negócios de ontem. O dólar comercial, que oscilou entre R$ 1,692 e R$ 1,679, encerrou o expediente em R$ 1,686, o que equivale a uma queda de 0,11% sobre o fechamento de quinta. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 1,800 para venda e por R$ 1,630 para venda.

Na quinta-feira, o Banco Central baixou uma nova norma, obrigando os bancos a recolherem o equivalente a uma parcela de suas "posições vendidas" em dólar, isto é, as operações financeiras em que apostam na queda das cotações. Embora a justificativa pública dessa nova medida seja regular o sistema financeiro, de modo a evitar um excesso de especulação com a moeda, todo o mercado entendeu a ação como um "recado" contra os níveis atuais de desvalorização cambial, algo já manifestado por diversas vezes pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).

Analistas do setor financeiro elogiaram o caráter gradual das medidas, mas muitos mostraram ceticismo com relação ao impacto na formação das taxas. O que tem continuamente atraído capital estrangeiro para o país, e derrubado as cotações, é a diferença entre os juros domésticos e os externos. E os índices de inflação divulgados ontem reforçam a expectativa de um aumento na taxa Selic.

Repercussão

A publicação britânica Financial Times afirmou, na edição de ontem, que o governo de Dilma Rousseff "mostrou os dentes" em uma tentativa de recuperar a competitividade da indústria brasileira, prejudicada pela valorização do real. "As medidas, com o objetivo de interromper a valorização ainda maior do real, mostram os dentes da ameaça do novo governo da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil agirá para proteger a competitividade de sua indústria doméstica de base de flutuações na taxa de câmbio", afirmou o jornal.

Com o título "Brasil parte para o controle da elevação da moeda", o jornal afirmava que "o novo governo assumiu há menos de uma semana e não perdeu tempo em elevar sua retórica sobre o real", recordando que a alta do real frente ao dólar nos dois últimos anos chegou a 36%. O Financial Times ainda recorda que a medida brasileira veio após uma decisão do governo chileno de agir no mercado cambial para evitar a valorização do peso. Dentro do contexto da "guerra cambial", o jornal ressaltou que as ações brasileiras devem ser seguidas por outros países emergentes.

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