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Após três elevações consecutivas nos juros básicos da economia brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu nesta terça e quarta-feiras (31 e 1) e decidiu manter a taxa Selic estável em 10,75% ao ano.

O Copom começou a subir a taxa básica da economia brasileira em abril, e depois promoveu mais duas elevações em junho e julho deste ano. Antes disso, os juros estavam em 8,75% ao ano, a mínima histórica. Deste modo, a subida total dos juros em 2010 foi, até o momento, de dois pontos percentuais.

A decisão, que já era esperada pelos economistas do mercado financeiro, mantém os juros no patamar mais elevado desde março de 2009, quando estavam em 11,25% ao ano.

"Pode se dizer que é um momento de observação (...) O contexto da manutenção dos juros são os índices de inflação dos últimos meses [que vieram baixos]. Também foi dado um sinal na última ata do Copom e o ambiente externo permanece incerto. O reaquecimento da economia no terceiro trimestre é uma possibilidade, mas acredito que os juros permanecerão estáveis, pelo menos, até o primeiro trimestre de 2011", disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do banco Schahin.

Segundo o relatório de mercado do BC, fruto de pesquisa com os analistas das instituições financeiras, a expectativa é de que taxa de juros permaneça inalterada no atual patamar até o fim deste ano. Os economistas acreditam que o próximo aumento de juros acontecerá somente em janeiro do ano que vem, quando a taxa avançaria para 11% ao ano.

Explicação

Após o fim do encontro do Copom, o BC divulgou o seguinte comunicado: "O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,75% a.a., sem viés. Ao mesmo tempo em que não espera que o nível de inflação registrado nos últimos meses se mantenha em um futuro próximo, o Copom observa a continuação do processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde sua penúltima reunião. Nesse contexto, o Comitê avalia que, neste momento, a manutenção da taxa de juros básica no nível estabelecido em sua reunião de julho proporciona condições adequadas para assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas".

Liderança no ranking mundial de juros reaisA decisão do Copom manteve o Brasil na liderança do ranking mundial de juros reais, calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses. Estudo do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, mostra que, mesmo com a manutenção da taxa Selic nesta quarta-feira, os juros reais brasileiros somam 5,6% ao ano, mais do que o dobro dos 2,2% ao ano registrados pelo segundo colocado (África do Sul). Em terceiro lugar, aparece a Rússia, com juros reais de 2,1% ao ano. Juros altos tendem a atrair capital em busca de remunerações maiores, o que pode contribuir para a queda do dólar.

Meta de inflação

O Banco Central calibra a taxa de juros para que a inflação convirja para a meta central de 4,5% fixada pelo governo para 2010, 2011 e 2012. Pelo sistema de metas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Em junho, o IPCA não teve variação, ou seja, foi de zero, e, em julho, subiu 0,01%. O IPCA-15, referente ao fim de julho e início agosto, mostrou deflação de 0,05%. No acumulado de janeiro a julho deste ano, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram variação de 3,1% para o IPCA.

A expectativa dos economistas, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é de que o PIB, após uma acomodação no segundo trimestre deste ano, volte a registrar maior aquecimento entre julho e setembro deste ano, no terceiro trimestre.

A avaliação dos economistas do mercado é de que o reaquecimento da economia seria impulsionado pelo aumento da renda e do crédito. Essa expansão, por sua vez, pode levar a pressões inflacionárias. Em agosto, o ritmo de queda do IPC-S perdeu força.

Por enquanto, a previsão do mercado financeiro para o IPCA deste ano está em 5,07%. Para 2011, a previsão está em 4,87%. Deste modo, ambas as estimativas estão acima da meta central de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais estipulado pelo governo.

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