Setor elétrico foi o que teve mais lucro no segundo semestre, segundo a consultoria Economatica.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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As empresas de capital aberto não financeiras seguiram a tendência de recuperação no segundo semestre, apresentaram bons resultados e encerraram o período com uma receita líquida de R$ 613,8 bilhões, 47,3% a mais do que na mesma época de 2020. O lucro líquido teve uma expansão de 11 vezes, chegando a R$ 74,3 bilhões, segundo a consultoria Economatica. Os dados não incluem as gigantes Vale e Petrobras. Para a segunda metade do ano, porém, o cenário é mais incerto.

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Os números das empresas da Bolsa no segundo semestre vieram sólidos, aponta a XP Investimentos – 71% das empresas do Ibovespa acompanhadas tiveram lucros operacionais (Ebitda ou geração de caixa) em linha ou acima do esperado.

“O segundo trimestre deste ano foi marcado pela redução dos riscos fiscais, melhora dos dados de Covid-19, com queda da taxa de ocupação dos hospitais e do número de óbitos, a vacinação em andamento e dados econômicos melhores do que o esperado”, escrevem os estrategistas Fernando Ferreira e Jennie Li, da XP.

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Os resultados das empresas de capital aberto contrastam com o conjunto da economia. Segundo o IBGE, no segundo trimestre do ano o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,1% em relação ao primeiro.

Segundo o banco Inter, terminada a temporada de balanços do segundo trimestre de 2021, confirmou-se o esperado ante as boas expectativas quanto aos resultados das companhias, refletidos em evolução das receitas e recuperação de margens.

Para o segundo semestre, as perspectivas não são tão claras. Segundo a instituição financeira, fica a dúvida quanto às incertezas no cenário local, em meio à escalada de custos e impactos inflacionários, bem como os ruídos políticos e o risco fiscal.

“Quanto aos resultados das companhias, estes devem seguir mostrando evolução nas receitas, mas sofrendo um pouco mais com a pressão de custos na cadeia e a alta de juros”, apontam Rafaela Vitória e Gabriela Joubert, da divisão de pesquisa do Inter.

A Economatica aponta que quase todos os segmentos registraram lucro no segundo trimestre. A exceção foi a educação, que viu seu prejuízo cair de R$ 390 milhões, no segundo trimestre de 2020, para R$ 66 milhões.

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As elétricas foram o principal destaque, com um lucro de R$ 11,51 bilhões, 6,9% superior ao do mesmo período do ano passado. O segundo melhor resultado foi das empresas do segmento de papel e celulose, que registraram um lucro de R$ 10,7 bilhões. Na mesma época do ano passado, tinham registrado prejuízo de R$ 2,49 bilhões.

Perspectivas para o 3.° trimestre

O banco Inter aponta que o segundo semestre iniciou com uma estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 2021 – atualmente em 5,22%, segundo o relatório Focus do Banco Central (BC). E, apesar da evolução positiva dos indicadores da pandemia, aumenta a incerteza a respeito do desempenho da economia global no segundo semestre.

Frederico Loss, da Allez Invest, aponta que as empresas vieram com fortes resultados no segundo trimestre. E para o terceiro, ele acredita que segmentos como varejo físico, turismo e shopping center devem ser beneficiados por causa das medidas menos restritivas e da velocidade da vacinação.

Outro segmento que pode ter resultados positivos, segundo ele, é o de commodities agrícolas e mineração. Loss ressalta que o preço das commodities está elevado, por causa da elevada demanda, e é beneficiado pela desvalorização do real frente ao dólar. Mas a crise hídrica desperta alguma preocupação.

“O cenário atual aponta para continuidade da recuperação do setor de serviços, na medida em que a mobilidade se aproxima do patamar pré-pandemia e a confiança dos consumidores avança, enquanto o crescimento do varejo e da indústria poderá ser limitado pela normalização dos padrões de consumo, pelos gargalos de oferta e elevação dos preços, e o setor agropecuário seguirá enfrentando condições climáticas adversas nos próximos meses”, escrevem as analistas do Inter.

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Mais preocupações em relação aos resultados

Não é só a questão energética que desperta preocupações. Outros dois fatores que podem impactar na conjuntura nas próximas semanas são o avanço da variante Delta, da Covid-19, e as questões fiscais.

Loss aponta que é difícil prever o que vai acontecer em relação aos impactos da variante. “Até agora não foram feitas medidas de restrição social. O problema é se houver um aumento no número de casos.”

O Inter aponta que um risco que tem se intensificado nas últimas semanas é o fiscal. A possibilidade de parcelamento dos precatórios, que somam R$ 89 bilhões, a possível ampliação do programa Bolsa Família e os impactos incertos da reforma do Imposto de Renda têm pressionado as condições financeiras, aumentando os juros futuros e impedindo a valorização do real.

As novas regras do IR foram aprovadas pela Câmara e agora serão discutido no Senado. Estimativa do Comitê de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) calcula que, da forma como está, a reforma provoca perda de R$ 41,3 bilhões na arrecadação do setor público. A maior parte dessa perda ficaria com a União (R$ 22,1 bilhões).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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