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Desde a início da crise, só aumentam os trabalhadores que cursaram faculdade, mas tiveram de aceitar funções que pagavam no máximo um salário mínimo.
| Foto: Gazeta do Povo

O gradual aquecimento na economia está influenciando dois comportamentos no mercado de trabalho: o número de pessoas interessadas em trocar de emprego está aumentando e mais empresas estão contratando profissionais para trabalhos temporários e terceirizados.

Os comportamentos se somam a duas tendências: a queda no desemprego, que passou de 12,7%, no primeiro trimestre, para 11,8%, no terceiro trimestre, e o aumento no número de criação de oportunidades com carteira assinada: foram 761,8 mil no país, entre janeiro e setembro, 5,93% a mais do que no mesmo período de 2018.

Deborah Picolo, consultora sênior de carreiras da Mercer, aponta que as pessoas estão se sentindo mais seguras em relação à melhoria na atividade econômica. Bancos e corretoras projetam crescimento superior a 2% a partir de 2020, segundo o Relatório Focus, do Banco Central.

Mas não é só esse fator que está influenciando na tomada de decisão, de acordo com a consultoria de RH. a remuneração competitiva, o gestor, a segurança no emprego, o trabalho mais interessante e as oportunidades de carreira e de desenvolvimento também são relevantes na tomada de decisão.

Ela aponta que esse movimento atinge todos os segmentos de atividade econômica e se reflete em melhores salários, comparativamente à função anteriormente exercida. “É um comportamento mais evidente em níveis gerenciais e de diretoria, mas que ocorre em menor grau em outros segmentos.”

A tendência para os próximos meses, segundo Deborah, é de que esse comportamento seja reforçado, com o crescimento no número de contratações. “As empresas estão voltando a ter a estrutura pré-crise.” E mais oportunidades devem aparecer nos segmentos digitais, de tecnologia, de vendas e de marketing, diz ela.

Terceiros & temporários

Outro segmento que também está em alta é o de terceiros e temporários. E não é só em cargos operacionais, diz Ricardo Haag, diretor executivo do Page Group. Segundo ele, há procura também por executivos para atuarem em projetos de prazo determinado ou por empresas que estão preparando para se instalar no país.

Ele ressalta que. com as expectativas de maior crescimento da economia nos próximos anos, muitas empresas estão tirando projetos da gaveta.

“É algo que vem acontecendo em muitos setores.” Um dos segmentos de maior destaque é o de tecnologia da informação, onde a procura cresceu 200% nos últimos meses. “Falta mão de obra qualificada no setor.”

Outros em que há forte expansão, de acordo com o diretor, são a área de vendas, com foco na experiência do cliente, e recursos humanos.

Uma mudança cultural também está facilitando o recrutamento de trabalhadores temporários. Depois da crise de 2015-6, mais pessoas se sentiram mais inclinadas a trabalhar de forma temporária ou terceirizada, como forma de garantir uma fonte de renda, destaca Haag. “Isto é comum na Europa, principalmente na França.”

A transformação também atinge as empresas:

“Podemos dizer que as empresas estão mais seguras em relação a algumas possibilidades propostas pela nova regulamentação. Uma dessas vertentes é a da contratação de terceiros e temporários. É um tipo de movimentação que já era esperada há alguns anos por aqui, especialmente pelo que notamos em outros mercados onde atuamos, onde terceiros e temporários são contratados para muitos projetos. Esse profissional tem as mesmas qualificações que aquele contratado pela CLT, com o diferencial de poder ser avaliado para uma necessidade específica.”

Maira Campos, diretora da Page Interim
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