O governo da Argentina decidiu aumentar as barreiras contra as importações, conforme medida publicada no Diário Oficial desta terça-feira. O Ministério de Indústria anunciou a ampliação da lista de produtos atingidos pelo sistema de Licenças Não Automáticas (LNA), de 400 para 600 itens. Este sistema exige a aprovação prévia do governo para a entrada dos produtos no mercado doméstico. A nova lista inclui produtos metalúrgicos, siderúrgicos, eletrônicos, linhas, tecidos, automóveis de luxo, vidros, bicicletas, motos, entre outros.

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Os automóveis atingidos são os que possuem motores acima de 3.0 litros, no caso dos que são movidos a gasolina, e os superiores a 2.5 litros para o caso dos motores movidos a diesel. Na realidade, a importação de automóveis de luxo pela Argentina está paralisada desde o início de fevereiro. Assessores da ministra de Produção, Débora Giorgi, explicaram que "a medida não afeta os automóveis provenientes do Brasil e México". Porém, segundo levantamento realizado pela consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES), as importações de autopeças cresceram 61,7%, em 2010, comparado a 2009.

A IES estima que a alta foi resultado da negociação entre os dois países, em meados do ano, para colocar um fim das barreiras argentinas contra as autopeças. "O déficit comercial com o Brasil nesse setor subiu de US$ 1,353 bilhão para US$ 2,843 bilhões, no período mencionado, provavelmente por causa da liberação de algumas importações dessa origem", afirmou o economista chefe da consultoria, Eduardo Álvarez.

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Com as restrições, o governo pretende pressionar os empresários para que realizem investimentos no país e produzam mais autopeças nacionais. Em nota oficial, Giorgi explicou que a medida tem o objetivo de "preservar os produtos nacionais no mercado interno" e o "processo de reindustrialização". Ela diz que as novas licenças não automáticas serão aplicadas em setores nos quais a Argentina tem uma produção nacional capaz de satisfazer a demanda.

"A estratégia de comércio administrado para resguardar os postos de trabalho deu resultados satisfatórios à nossa indústria, que conseguiu substituir importações no valor de US$ 9,2 bilhões, no último ano", afirmou a ministra. Ela detalhou ainda que "os setores cujas importações têm licenças não automáticas são os que mais aportaram para a substituição de produtos importados, como o automobilístico, eletrônicos, linha branca, calçados e têxteis". Débora Giorgi ressaltou que a medida "não significa que não se possa importar" na Argentina.

Ela disse que o sistema permite ao governo um prazo de 60 dias para conceder a autorização para que o produto entre no país, conforme estabelece a Organização Mundial de Comércio (OMC). O problema é que, como o sistema não é informatizado, a análise pode demorar muito mais que 90 dias, segundo reclamações de empresários brasileiros.