A Argentina e o Brasil voltaram a jogar um clássico das relações bilaterais: conflitos comerciais e acusações mútuas de medidas unilaterais protecionistas. O governo de Cristina Kirchner considera que a medida brasileira de barrar a entrada de caminhões argentinos carregados com alimentos perecíveis foi "desproporcional". Nas fronteiras entre os dois países, segundo a Câmara Argentina de Fruticultores, estão parados cerca de 400 caminhões cheios de frutas frescas.
"A ausência de aviso prévio para frear a entrada de produtos perecíveis, os quais já saíram de suas origens e não podem regressar, torna a medida desproporcional", reclamou uma importante fonte oficial que acompanha de perto as relações comerciais entre os dois países. A fonte disse que "houve falta de transparência por parte do Brasil", ao adotar licenças não automáticas para a importação de alimentos argentinos, entre eles, farinha de trigo e alho. O governo brasileiro, por sua vez, argumentou que esse mecanismo já vem sendo aplicado pela Argentina contra o Brasil desde o ano passado e afeta 14% da pauta exportadora brasileira para o sócio.
A fonte da chancelaria argentina explicou que a falta de transparência se deve à forma de adotar a barreira. "A diferença é que o sistema argentino implica na publicação de uma norma e, a partir daí, depois de um tempo, começa a reger as restrições. Mas o do Brasil te surpreende porque adota a restrição sem avisar", explicou. O assunto foi discutido em uma reunião realizada ontem entre o embaixador do Brasil na Argentina, Mauro Vieira, e o secretário de Relações Econômicas Internacionais argentino, embaixador Alfredo Chiaradía.
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