Dados divulgados na sexta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina apontam que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no país teve alta de 8,4% em abril, a maior subida mensal em 20 anos. No acúmulo anual, o IPC alcançou 108,8%, um recorde nos últimos 31 anos. Com taxa de juros de 81% ao ano e juros reais negativos, o país vê sua moeda derreter e o agravamento da crise argentina é visto como um caminho sem volta para o esgotamento de suas reservas cambiais.
Apesar de o Banco Central da Argentina (BCRA) não divulgar as reservas líquidas do país desde o fim de 2022, nesta semana o último balanço das reservas internacionais brutas apontaram para um saldo de US$ 33,6 bilhões, valor que encolheu US$ 10,5 bilhões desde o início do ano e o menor montante disponível desde o final de 2019, quando Alberto Fernández assumiu a presidência do país.
Além do encolhimento das reservas, elas possuem uma dificuldade a mais para serem utilizadas que é a sua baixa liquidez, uma vez que parte dos ativos estão atrelados ao ouro ou linhas de crédito com o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e com a China. Esse é um problema delicado uma vez que a crise argentina leva o país a ter de dispor rapidamente da moeda americana para fugir dos problemas inflacionários que atingem o peso argentino.
Em contrapartida, o BCRA anunciou novas medidas de controle para tentar conter suas reservas internacionais. Dessa vez, foi colocado um novo limite sobre a compra de dólares para importações. Apesar de a decisão ter contribuído para um saldo líquido diário positivo de US$ 101 milhões, a longo prazo estas restrições geram insegurança e afugentam cada vez mais os investidores internacionais.
Recentemente, o presidente Fernandéz também impôs que os dólares oriundos de exportações passassem obrigatoriamente pelo Banco Central. Essa decisão se soma a outras como aceitar recursos do FMI e estabelecer uma parceria com o governo brasileiro de maneira que intensifique as relações comerciais entre os dois países utilizando linhas de crédito em real, diminuindo o uso do dólar.
Apesar das sucessivas tentativas de o governo argentino contornar as dificuldades econômicas, as medidas antiliberais que incluem intervenções do Estado na economia aumentam a bola de neve da insegurança fiscal do país e faz com que sua estabilidade econômica fique cada vez mais distante de ser atingida.
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