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O dólar fechou em 1,800 real nesta segunda-feira, praticamente estável após uma sessão marcada de volatilidade diante das incertezas globais sobre a Grécia.

A moeda norte-americana terminou o dia com variação positiva de 0,06 por cento. Na máxima, pela manhã, o dólar chegou a valer 1,812 real, maior nível desde 1o de março.

"O mercado amanheceu acompanhando o noticiário de fora. Durante o dia, acabou corrigindo um pouco --o próprio euro se fortaleceu", disse José Carlos Amado, operador de câmbio da corretora Renascença.

Enquanto o mercado de câmbio fechava no Brasil, o euro mantinha-se praticamente estável, com leve alta de 0,1 por cento, depois de ter caído durante a manhã para o menor nível em três semanas. O índice do dólar em relação a uma cesta com as principais divisas tinha variação negativa de 0,14 por cento.

Líderes da União Europeia se reúnem quinta e sexta-feiras e podem avançar nas discussões sobre uma ajuda concreta à Grécia. Profissionais de mercado também repercutiram, como motivo para a alta do dólar pela manhã, sinais de aquecimento econômico na China e o aumento do juro na Índia, na sexta-feira.

No Brasil, o mercado recebeu números piores que o esperado sobre as contas externas em fevereiro. O déficit em transações correntes atingiu 3,251 bilhões de dólares, ante previsão de 2,35 bilhões de dólares de analistas consultados pela Reuters.

Já o fluxo cambial negativo, que era de 1,542 bilhão de dólares nas duas primeiras semanas de março, aumentou para 2,666 bilhões de dólares no mês até o dia 18. Aliada às compras de 2,273 bilhões de dólares pelo Banco Central, a saída de recursos deixou os bancos com 3,356 bilhões de dólares em posições vendidas na moeda norte-americana.

Déficit deve pressionar dólar

Analistas deram ênfase a aspectos distintos das contas externas do país.

Para a equipe de economistas do Bradesco, a deterioração das transações correntes --com déficit previsto de 55,4 bilhões de dólares no ano-- deve "reduzir o espaço para apreciação cambial (queda do dólar)".

A estimativa do BC para o déficit é um pouco menor, de 49 bilhões de dólares --ainda assim, um recorde em termos nominais.

Já Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, destacou as posições dos bancos, que sinalizam "queda do preço da moeda americana nos próximos dias".

"Algo como 3 por cento, conduzindo-a a 1,75 real" escreveu em relatório. A justificativa, segundo ele, é que os bancos vendem dólares ao BC, captam recursos a baixo custo no exterior e lucram com a desvalorização da moeda norte-americana. A expectativa de um ingresso mais reforçado de dólares no curto prazo incentiva a estratégia.

O banco de investimento Goldman Sachs também prevê baixa do dólar no curto prazo, com ajuda do fluxo de entrada. Mas, assim como o Bradesco, vê uma pressão de alta no médio prazo.

"Para os próximos três meses, acreditamos que o grande fluxo de entrada vai depreciar o dólar a 1,70 real. No entanto... como acreditamos que o fluxo de capital vai diminuir no segundo semestre... prevemos que o dólar esteja a 1,85 real em dezembro de 2010."

Profissionais de mercado comentavam na semana passada que o volume abaixo do esperado da oferta de ações da OSX frustrou as expectativas de um ingresso bilionário de dólares.

Amado, da Renascença, lembrou no entanto que há várias emissões de bônus sendo feitas. Ele ressaltou, porém, que o rumo do dólar no Brasil depende muito do mercado internacional. "Tem uma tendência ainda de alta; o dólar pode ter uma correção um pouco maior", disse.

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