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Contraponto

Alta do IBC-Br não indica retomada, avalia economista

Agência Estado

A alta do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em novembro não aponta uma tendência clara de crescimento da economia, na avaliação da economista Zeina Latif. Segundo ela, a atividade estaria passando por uma acomodação, mas não retomando o crescimento.

"Quando o BC divulgou o dado de outubro, houve uma revisão da série, inclusive aparentemente com uma mudança do padrão de ajuste sazonal. A série, nesse novo ajuste, está se mostrando mais volátil. O índice teve três quedas consecutivas, de intensidade forte, e agora alta, também forte", avaliou.

"É claro que parte da volatilidade do dado de novembro está associada à reversão parcial das medidas macroprudenciais, o que influenciou positivamente a produção de veículos e as vendas no varejo. Se olharmos o número friamente, se passarmos um filtro nessa série para suavizar um pouco mais o resultado, trata-se de uma economia que está andando de lado", explicou.

A economista ressalta que, da mesma forma não é possível afirmar que as quedas anteriores apontavam desaceleração expressiva da economia brasileira, o aumento do IBC-Br em novembro também é insuficiente para indicar retomada firme da atividade.

Inflação menor, juro igual

Os analistas do mercado financeiro diminuíram pela sétima vez seguida a previsão para a inflação oficial neste ano. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu levemente de 5,31% para 5,3%, segundo o boletim Focus, do Banco Central, divulgado ontem. O mercado manteve as apostas de que haverá mais três cortes na taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), inclusive no encontro que começa amanh㠖 atualmente, a taxa é de 11% ao ano. A previsão para o crescimento da economia caiu de 3,3% para 3,27% neste ano. A queda para a projeção do crescimento da indústria foi maior ainda: de 3,43%, no boletim da semana passada, para 3,31%.

Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá os próximos passos da política de combate à inflação, um indicador do próprio Banco Central dá uma reviravolta e surpreende o mercado com a informação de que a economia brasileira não apenas voltou a crescer em novembro, mas com mais força do que o esperado.

Depois de três meses seguidos de queda, o índice de atividade econômica da autoridade monetária (IBC-Br) registrou alta de 1,15% na comparação com o mês anterior. Analistas já dizem que o impacto no crescimento deste ano será mais forte que o projetado antes pelo efeito de "carregamento" que há de um ano para outro.

A expectativa de parte do mercado era de uma alta de 0,9%. O número divulgado ontem pelo BC influenciou os negócios feitos no mercado futuro de juros, porque reverteu quedas anteriores, de 0,5% em outubro, 0,06% em setembro e 0,54% em agosto (sempre na comparação com o mês imediatamente anterior). De janeiro a novembro do ano passado, o crescimento foi de 2,88%.

"O número não muda o cenário dos analistas para os cortes de juros, mas mostra que o crescimento não será tão baixo quanto previa o mercado. O resultado superou as projeções dos analistas, mas veio em linha com a expectativa do BC", afirmou o economista Eduardo Velho, da corretora Prosper.

Segundo ele, a tendência é de um quarto trimestre com mais crescimento que o previsto. O analista lembrou que nas estatísticas do último mês do ano estarão refletidos o aquecimento maior do comércio, principalmente o de eletrodomésticos, por causa da retirada de impostos sobre a linha branca. A medida foi tomada em dezembro pelo governo para estimular o consumo e tentar proteger o país dos efeitos da crise financeira mundial.

Eduardo Velho calcula que, a partir do segundo trimestre de 2012, o país terá retomado um ritmo forte e crescerá a uma taxa que, anualizada, ficaria em torno de 5%. A sua aposta é que o Brasil encerre o ano com um crescimento de 3,5%.

Para Flávio Serrano, economista do Banco Espírito Santo (BES), a informação do crescimento em novembro aniquila a hipótese de um crescimento negativo no último trimestre e deve fazer com que o crescimento neste início de ano seja mais forte que o previsto anteriormente. "Isso mostrou que houve uma preocupação exagerada do mercado", disse o analista.

Ele justificou que as previsões se pautaram pelo comportamento da indústria brasileira que está patina em meio aos péssimos resultados recentes. Entretanto, não levaram em consideração o bom desempenho do setor varejista, que se manteve robusto ao longo do tempo.

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